1º Inspiração – Patrícia Marques

O pensar escrever ensinou-me ao longo de um tempo considerável, algumas noções que se tem de ter em conta aquando o processo de escrita. Um dos principais motivos a se ter em conta é o que se denomina de Inspiração. Pessoalmente, a inspiração é um conceito que se distingue da vontade; derivada da primeira, a vontade já está implícita no processo de escrita e da comunicação.

A inspiração é um grau que ainda está sob um 1º grau de consciência e só depois admitido ou recusado dentro das nossas condições mentais e psico-espirituais é que se pode resolver na vontade explícita no ato de escrever.

No dicionário, a inspiração está explicada como uma ideia criativa. A ideia sob o aspeto de pensamento criador, procura um estado de vontade racional e estrutural para colocar em prática o conhecimento da sua origem.

É realmente difícil a inspiração para algo. É certo que se queremos falar de ajuda, de saúde, de sociedade, procuramos um tema, categorias essenciais sobre esse tema, juntámos a opinião que temos sobre o mesmo e voilà, temos a comunicação escrita. Mas no que diz respeito à inspiração origem, pense comigo leitor, poucas vezes a temos.

Quando rasuramos umas frases, quando ouvimos uma música, quando caminhámos pela calçada, quando conversámos com alguém, surgem por vezes, algumas “ideias” que caminham sobre o nosso pensamento que nos diz: “interessante”. Daí, o apontamento desse tema numa agenda, ou o seu desenvolvimento pouco tempo depois, torna-se essencial para consolidar aquele processo de inspiração inicial. A partir daí, procurámos mais pelo assunto e iniciámos o processo da vontade de observar o tema desenvolvido, a partir da ideia inicial.

A inspiração também pode advir a partir de um processo de vontade inicial. Decidimos escrever sobre um tema, e sabemos tudo o quanto queremos abordar sobre ele; no entanto, a meio, a nossa inspiração/opinião revela interesse em querer dizer mais isto ou mais aquilo sobre aquele mesmo tema inicialmente pensado e definido; aí, estaremos a falar de inspiração ou opinião derivada? Ou seja, com isto quero dizer que a inspiração pode ser um processo inicial, mas também um processo intermédio.

Mas ainda existe outra questão. Quando alguém escreve um artigo, seja científico, seja de opinião, e quando chega à conclusão disto ou daquilo, e a devolve ao leitor e a si próprio enquanto autor, não terá outras questões inerentes para serem desenvolvidas? Não estará inspirado para iniciar um novo assunto sobre interrogações que ficaram no ar? Daí a inspiração a partir de conclusões e ideias não resolvidas, também se podem considerar.

 O stress, a ansiedade, o “medo” de viver nesta sociedade atual, quando não resolvido no nosso meio intrapessoal, não está aberto muitas vezes a este tipo de energia fluídica denominada de inspiração. Por isso mesmo quando os técnicos de psicologia falam sobre a ideia de resolver possíveis bloqueios mentais e psicológicos, falam muitas vezes em pensar sobre as situações, abertamente, para que a lógica e a sensação de bem-estar pessoal possam concentrar-se novamente no nosso ser, permitindo-o assim estar em contato com princípios como o da inspiração.

Crónica de Patrícia Marques
Um lugar ao Sol
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