A busca de: “O Manual” – Miguel Bessa Soares

As relações amorosas são ao longo da nossa vida algo necessário, mas complicado com que temos de lidar. A razão disto é muito simples – As mulheres não trazem um manual de instruções.

Ninguém me tira da cabeça que os manuais foram inventados porque algum dia na história, um homem pensou que uma mulher precisa de manual de instruções. Só assim se explica o facto de existir um manual para um frigorífico. 100 páginas explicam algo que se resume a: liga a ficha, abre a porta, acende a luz, coloca-se os produtos, fecha-se a porta,  apaga-se a luz faz frio.

Admito erros e falhas do sexo masculino, prova disso são mesmo as 100 páginas de um manual de instruções de um frigorífico. Essa pode ser uma explicação para a ausência de um manual feminino. Seriam necessárias no mínimo 1000 páginas, e de certeza ficariam dúvidas por esclarecer.

“Estou bem assim?” Esta pergunta de rasteira que nunca nenhum homem solucionou deveria ter no mínimo dedicado um capítulo. Não há resposta correcta para esta pergunta. Até agora o homem só conseguiu descobrir que um simples : sim ou não, não serve como resposta. Esta pergunta pressupõe um comentário, e é nesse comentário que está a rasteira.

Só para os homens, vou partilhar alguns dos segredos que fui descobrindo nas tentativas de erro (sempre falhadas) em busca da resposta a esta pergunta.

Antes de responder é mesmo necessário olhar para ela. A velocidade com que olhamos para ela é factor determinante a uma boa reacção, nem que por isso se perca o golo da selecção, nacional na conquista de um mundial (aliás foi a prever isto que se inventaram as repetições).
Temos sempre de fazer uma pausa, uma resposta cedo demais pode deitar tudo a perder.
A resposta terá de ser obviamente positiva, mas daqui para a frente tudo se complica, e não parece haver resposta correcta:
“-Ficas linda de qualquer maneira.” – Não percebes nada disto.
“- Para mim és sempre linda.” – Lá estás tu com as tuas coisas.

Depois há a tentativa de nos ir ao bolso:
“-Ficas linda de azul.” – Não tenho carteira a condizer.

E a pior de todas, a que nos envolve num novo ardil de respostas:
“-Estás linda.” – Estou gorda.


Crónica de Miguel Bessa Soares
Mundo ao Contrário