A Chave da Tua Presença – Patrícia Marques

O sol caiu em demandada com o levantar dos pássaros. O olhar humano repousa já nesse céu cerúleo, como se de azul se fosse, aos poucos, vestindo. As nuvens rebentaram já em ondas, e denota-se cada vez mais o cheirinho a madrugada e a dia que nasce. Manhãs bonitas. As pessoas amanhecem. De sorriso nos lábios beijam o sol que é o alicerce mais natural para a boa disposição. Prontificadas, assumem a sua inteira presença. Esticam-se, esgueiram-se, unem os braços e colocam o seu tronco superior em extensão sobre o ar límpido que as rodeiam. Fecham os olhos e vão, aos poucos, analisando seus pensamentos e reparando-os em momentos preenchidos de verdade e realidade positiva. Pensam em coisas agradáveis: «Como será este dia?»; primam pelo saber agradável da sua própria saúde mental – realização, potencial humano, atividade ocupacional, recuperação ao seu estado de ser, relaxamento e por fim «wake up», abrem os olhos.

Este é um tipo de consciencialização que se inteira da performance humana, em cada estado puro após o acordar. Contemplar os pássaros que chilreiam lá fora, a neblina fresca que pousa sobre nosso nariz, gélido, rrr…o céu que ainda está em cima de nós, o chão que ainda sustém nosso peso corporal, as nossas capacidades, nossas competências e até nossos problemas, a que pedimos rápida resolução.

Um cão que se estende ao sol, inebriado pelo calor que lhe faz cócegas no lombo e o aquece; as vozes sólidas de pessoas que procuram o bem-viver do dia, mesmo que na sua labuta diária; os trabalhos silenciados por vozes e escutas interiores que nos vêm dizer «isto está bem», «isto está menos bem». A verdade…é que aos poucos a noite já se vai aproximando, e o dia 16 vai gradualmente passando para dia 17. Entardecendo, ouvem-se já as pessoas chegando a suas casas para descansar um estado de alerta maior. Ouvem-se também os corpos cansados que fazem o jantar, jantam e se querem preocupar com mais alguma coisa mas já não conseguem. O corpo cede ao cansaço. O cumprimento desta vida leva a custos personalizados, i. é, que “saem” da própria Pessoa, sejam eles físicos, psicológicos, espirituais, etc.. Por outro lado, vencem-se necessidades, acha-se o conforto indispensável à sobrevivência humana. Como eu costumo dizer: «A união faz a força e mais qualquer coisinha!». O que é que importa realmente nisto tudo? Termos vida suficiente para regenerarmos nosso ser; rodarmos a chave do nosso interior e nos vermos mais físicos, mais psicológicos, mais sociais, mais espirituais, mais fortes. Existem mil e uma maneiras de tudo isto se ver conseguido; maneiras muito próprias de abraçar esta chave e sentirmos o grande «sparkle» do nosso Ser.

Anoitece, o sono vai chegando. O amanhã já vai condizendo com um 7 em vez de um 6, e nós… adormecendo lentamente, vamos pensando no dia que vai realmente chegar.

Crónica de Patrícia Marques
Um lugar ao Sol
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