A história do azar! – Teresa Isabel Silva

A moral da história é simples: na faculdade só aprendemos a teoria, e por muito que acreditemos que somos os reis do mundo, a verdade é que na prática nada corre bem.

Pois bem, acabei o meu curso, e achando-me eu a maior da minha rua (com os meus 1.75cm), decidi organizar um evento. O previsível (que eu não previ), tudo o que podia correr mal, aconteceu.
Depois aqui ando eu, num Portugal que sobrevive, a tentar salvar o meu pequeno rebento das desgraças alheias, dá má educação e do meu azar crónico! E lá anda ele ligado às máquinas a respirar esperanças de que quando o verdadeiro dia chegar, até vai tudo correr bem.

Com tantos cortes orçamentais, não me admirava nada se desligassem as máquinas ao meu rebento e ele fosse por, água a baixo, acabando de vez com este meu misero estágio na área de organização de eventos.

Com tantas profissões de sucesso em Portugal, como politico, gestor bancário e afins, porque raio, é que decidi decidir seguir a área pela qual eu tenho paixão. Porque raio, decidi eu, num momento qualquer da minha vida, ser escritora quando podia ser cantora pimba, ou politica e andar por ai a aparecer na televisão e no rádio a aborrecer toda a gente que não gosta de mim?

Seja como for, nada podia estar a correr bem sem que surgisse um azar qualquer. Ora bem, eu rendo-me às evidências, e concordo plenamente com o meu azar. Aliás redimo-me perante o facto de não ter experiencia na área e de que neste momento sinto que não sei o que estou a fazer. Mas se pelo menos eu tivesse um momento brilhante… Aqueles momentos de sorte, rodeados de purpurinas… Só para dar mais brilho.
Vai ser, ou devia de ser, o meu momento de glória, mas qual quê? Nem me posso esconder. Com 1.75cm de altura consigo ser quase sempre como um fosforo fora da caixa. Por isso pegar nos cacos da minha dignidade e fugir está fora de questão.

Resta-me colocar em prática aquilo que aprendi com a televisão. Erguer a cabeça, e esperar que tal como nos filmes corra tudo bem. Já nem solicito um cavaleiro corajoso num cavalo branco. Nem peço que alguém faça o trabalho por mim. Espero pela sorte. Mas pelo menos vou fazer isso penteada e de unhas arranjadas como qualquer senhora digna de uma novela ou até mesmo do melhor filme.

Seja como for as máquinas ainda não se desligaram… Ainda posso ter o meu momento. Ainda posso ser a maior da minha rua, nem que use salto alto, e ainda posso ser a rainha graciosa do meu império. O problema é sempre a maça envenenada…

E esta é a moral da história. Nunca somos grandes demais, porque num momento ou outro vamos comer a maça que tal como o bolo fazia com a Alice, nos faz ficar pequeninos perante o mundo que nos rodeia.

Crónica de Teresa Isabel Silva
Crónicas Minhas