A minha Vida dava uma Crónica – O dia que saiste para comprar tabaco (e não voltaste…)

Arrependo-me até ao dia de hoje…
Mais do que isso.
Arrependo-me até ao segundo em que escrevo estas linhas o impuro e nada salutar hábito que cunhei na nossa rotina.
Todas as noites ias ao café e todas as noites fazias-me o favor de trazer um maço de tabaco.
Eu não te agradecia.
Eu já nem te pedia esse favor pois sabia que nunca me falhavas.
Se calhar foi a falta de comunicação que entre nós havia que originou um desfecho tão inesperado para mim mas com certeza tão previsível para quem descuida relações.
Provavelmente se falássemos com regularidade as coisas tinham-se passado de outra maneira.

Nessa manhã senti que era um dia diferente. Não me perguntes porquê.
Quando à noite saíste de casa e me deixaste no sofá a ler o jornal, não ouvi naquele bater de porta o habitual “Volto em meia hora, com o Marlboro, para os teus braços como durante tantos anos o fiz”. Não me perguntes porquê.
Nas amarrotadas linhas do jornal li que não te devia deixar sair de casa sem te dizer algo. Não me perguntes porquê.
São sensações e pressentimentos que se têm mas que não têm explicação.

Se tivesse o costume de comunicar contigo provavelmente o desfecho teria sido outro.

Nesse dia saíste para comprar tabaco e não voltaste… com o habitual Marlboro.

Se te tivesse dito provavelmente saberias que tinhas de ir a outro café comprar Marlboro caso este estivesse esgotado.
É que não suporto Português Suave.
Espero que não o voltes a fazer.

Crónica de João Pinto Costa
A minha Vida dava uma Crónica