A minha Vida dava uma Crónica – Quando não sei sobre o que escever

As pessoas adoram quando eu não sei sobre o que escrever.
A razão é simples:Nessas alturas, por norma, não disserto sobre nada e vou à minha singela vidinha.
No entanto há alturas em que o dever está acima da necessidade de nada fazer pelo que desenvolvi pequenas técnicas que poderão ajudar o cronista desinspirado ou com dificuldades como as minhas a ter sucesso:
Para ultrapassar o drama da folha em branco utilizo uma técnica milenar, que consiste em encher a folha de “ós”.A partir dai deixo de ter esse drama e passo a ter o drama da folha cheia de ós que é muito mais suportável já que transmite uma sensação de dever cumprido em tempo recorde.Sanada esta dificuldade começo então a escrever o texto e apesar das queixas que o texto e as letras por cima dos ós ficam imperceptíveis a verdade é que nunca tive uma pessoa que me dissesse que estava ali uma má crónica.
Quando queremos escrever sobre sonhos o ideal é criarmos uma equivalência a um estado de dormência para as palavras nos saírem com mais fluidez e realismo pelo que devemos imaginar um espaço verdejante cheio de carneirinhos e começar a contar…as vogais que tem o nome de cada carneirinho. Se isto vos parecer estúpido (admito essa possibilidade) contem as consoantes. Quando o João Pestana chamar por vós escrevam…escrevam o máximo que poderem até cair para o lado.
Para os escribas com dificuldade em terminar textos aconselho o ponto final parágrafo ou ponto de exclamação.Não aconselho a virgula,o ponto e virgula, nem os dois pontos. Esteticamente são péssimos.
E todos sabemos como é muito mais importante a estética numa crónica que o conteúdo.
É assim nas minhas crónicas e na minha vida.
infelizmente.

Crónica de João Pinto Costa
A minha Vida dava uma Crónica