“A PSP não fez greve” – Da Ocidental Praia Lusitana

A polícia não fez greve na passada Quinta-feira. Aliás, mostrou bem que trabalhou, escrevendo uma página de vergonha, na história recente do nosso país. A PSP, através de alguns agentes, desferiu uma carga de violência sobre manifestantes e, recorrendo a cassetetes, até feriu José Goulão, fotojornalista da Agência Lusa (em que o Estado é o maior accionista), e ainda Patrícia Melo, foto-jornalista da France Press. Como se vê em imagens, que captaram a tal carga policial, agentes da PSP agrediram cidadãos, usando a chamada “força pública”, sem qualquer motivo que o justificasse.

Esse triste episódio da vida portuguesa deve ser condenado nos termos mais firmes.

Se a greve geral não teve grande adesão, logo incapaz de gerar grande atenção por parte da imprensa nacional, logo esta situação incomum em Portugal talvez o devesse ter feito. Porém, em véspera de congresso de PSD e de jogo do Benfica, as atenções viraram-se para outros focos de acção.

A carga policial do dia 22 de Março não foi notícia própria de figurar numa secção de “fait-divers”, ou de um qualquer manuscrito anarquista contra o sistema. Não. Mais importante ainda,trata-se antes de mais da imagética de como a PSP se apresenta aos olhos dos portugueses em dias de crise, uma “força de segurança” que põe e repõe a ordem pública “custe o que custar”, e com a conivência de um governo PSD-CDS, que tradicionalmente costuma registar nos seus mandatos diversos episódios do género (será que se lembram dos governos de Cavaco Silva, ou de Durão Barroso?).



Crónica de Nuno Araújo
Da Ocidental Praia Lusitana