Teoria
“Portugal não pode ser um país de muitas cigarras e poucas formigas”
Miguel Macedo (o gajo que estava de turno Ministro da Administração Interna)
Gosto muito de ouvir os Senhores Ministros quando eles estão entre o (seu) povo.
Foi por isso que este teoria do Ministro da Administração Interna me sobressaltou.
Que sou gaja de “cagunfa”* e tenho alguns problemas com a morfologia das espécies.
Viverei numa horta*?
SÓ existem cigarras e formigas?
Se ( e SÓ SE) existirem outros insectos porque não lhes foi permitido viver e concorrer a eleições nesta horta*?
Será que esta é uma horta* democrática*?
E
Mais importante:
O QUE serei eu?
Que isto das teorias é muito bonito mas uma destas faz uma pessoa ficar a rebolar-se sem conseguir dormir.
FACTOS:
Cigarras e formigas são insectos.
Tirando cruzarem-se ocasionalmente nada têm a ver umas com as outras.
As formigas vivem numa sociedade hierarquizada onde cada um (a) sabe o seu lugar.
As formigas guardam comida para o tempo frio de Inverno.
As formigas operárias têm um tempo de vida médio de 3 anos.
As cigarras vivem sós.
Só as cigarras macho é que cantam.
As cigarras têm um tempo médio de vida de cinco anos.
Existem mais formigas que cigarras.
Daqui só podem retirar-se as seguintes conclusões:
As cigarras (apesar de serem minoritárias na população ) ganharam as eleições.
São Governo* na horta*.
A maior parte, quer das formigas, quer das cigarras, votaram: CIGARRA.
Porque é que as formigas o fizeram?
Por causa do “canto das cigarras”.
As cigarras?
Por solidariedade*.
O problema da horta*?
As formigas.
(e algumas cigarras, diga-se)
Deu-lhes para se queixar.
Que já não aguentam mais.
Que é uma carga muito pesada.
Que também querem comer.
Que já não querem ser formigas.
Que querem e até gostam de ser ser cigarras, mas que assim “não lhe dá prazer nenhum”*.
E mi mi mi, mi mi mi, mi mi mi*
Enfim:
Enjoaram o canto das cigarras.
E agora?
AVISO ÀS CIGARRAS:
Cada formiga, por si só, é capaz de levantar entre 50 a 100 vezes o seu próprio peso.
Imaginem uma imensidão de formigas descontentes.
E cigarras (que conhecem a música) a juntarem-se à festa.
Até para a semana.
P.S
Quanto a mim:
pelo peso que sinto em cima das costas,
pela comichão que tenho nas antenas,
porque não sou macho,
porque não consigo cantar:
só me resta concluir que sou formiga.
Já o gajo que estava de turno tem mesmo ar de quem é cigarra. Benzó Deus!
“cagufa”*: medo, medinho, “buraquinho ao funda das costas”, etc
“horta”*: pequeno rectângulo onde nascem e coexistem várias espécies vegetais. Diz que tem fronteiras.
“democrática”*: parece que é quando o povo decide ou lá o que é.
“Governo”*: é formado por quem é mais votado. Diz que é quem manda.
“solidariedade”*: há quem lhe chame tacho. Há quem lhe chame convicção.
“não lhe dá prazer nenhum*”: nap. É auto-explicativa.
” E mi mi mi, mi mi mi, mi mi mi*: são queixinhas. Diz que é porque dá comichão, faz doer e é chato.
Crónica de Telma Henriques
1001 teorias para ler antes de morrer
Mais crónicas
A solidão
Será assim tão mau ser-se solitário?
O sonho comanda o Universo