Adeus ao Euro – Celso Silva

Não, não me refiro ao Europeu de futebol que termina hoje (ou que provavelmente já terminou quando ler isto). Devido à crise económica muito se tem falado de acabar com o Euro, de retirar países da moeda única e há aqueles que dizem que nunca deveríamos ter entrado nele.

Todos sabemos e, infelizmente, muitos de nós sentimos na pele o estado alarmante em que se encontra o nosso país e a nossa economia. É impossível alguém negar a gravidade da situação em que estamos e é ainda mais impossível ninguém saber o que se passa, até porque todos os dias os blocos noticiosos das rádios e televisões são preenchidos de inúmeras notícias relacionadas com esta crise e já quase nem vale a e pena falar na quantidade de artigos, sejam noticiosos ou de opinião, que se escrevem diariamente nos jornais e que enchem páginas sem conta.

Inúmeras são as soluções apresentadas mas nenhumas são satisfatórias ou as que eventualmente poderão ser não são levadas à prática. E entretanto todos falamos, conversamos, discutimos, apresentamos soluções e descobrimos novos problemas, enquanto na realidade pouco ou nada se altera. Quem tem o poder bem tenta, ou pelo menos parece tentar, mas progressos significativos nem vê-los.

Tudo isto é muito bonito mas o facto é que chegamos a um ponto sem retorno, a nossa moeda é o Euro e voltar atrás não é solução. Voltar atrás parece mesmo ser impossível dado o contexto socioeconómico que envolve o Euro e todos os países membros que a ele aderiram. Mesmo que pudéssemos voltar ao nosso bom velho Escudo seria isso bom? Não acredito nem por sombras em tal. O motivo é simples, o Euro apesar de tudo (e apesar de me faltar na carteira constantemente) é uma moeda com valor, reconhecida mundialmente e transacionada em praticamente todos os mercados internacionais, se voltássemos ao Escudo teríamos uma moeda fraca, provavelmente sem qualquer relevo a nível internacional e que iria simplesmente desvalorizar-se constantemente. Poderíamos ver-nos em situações de países mais pobres (muitos deles chamados de terceiro mundo), onde a moeda local tem um valor de tal forma inferior que os comerciantes preferem que os pagamentos sejam feitos em moedas mais fortes, normalmente Euros e Dólares.

Não como voltar atrás, nem tal faz sentido agora. Temos sim de andar para a frente, pensar no que é preciso para melhorar a nossa economia, temos de confiar que quem tem o poder de decisão o faça de forma a melhorar a situação financeira do país e não apenas dos grandes investidores e grandes empresas, caso contrário duvido que consigamos andar para a frente e devolver ao nosso país a estabilidade de que há tanto precisamos e que historicamente é mais que merecida.

Crónica de Celso Silva
Panorama