Aí que choninhas!

Hoje lembrei-me de pegar num tema que já escrevi, sobre insultos e palavras que usamos diariamente e não sabemos verdadeiramente o seu significado.

Muitos são os insultos usados diariamente por inúmeras pessoas, desde aqueles a que chamamos incultos até aqueles mais cultos.

Os insultos fazem parte da rotina, da vida de cada um de nós. Aparecem desvairados no trabalho, na escola, em casa, no trânsito, na rua, no café, nos sítios mais inesperados.

Quantas vezes ouvimos o professor do menino Tonecas dizer “Seu choninhas!” ou “És um bronco!” ou ainda “Seu totó!”? Expressões usuais do nosso quotidiano, que usamos sem saber devidamente o seu significado. Estas não são as únicas, existe uma infinidade delas.

Era uma vez um choninhas, um menino porreiro que vivia numa instituição imunda que se chamava “Ter pés de Burro”. Todos os meninos e meninas que tivessem pés de burro entravam à frente dos que não tinham. Sim, era o critério usado para a seleção. Esta instituição aparentava ser muito poderosa e ter bons princípios, contudo reinava a desordem e a fragilidade.

O jardim estava coberto de imensos totós que aproveitavam para conviver uns com os outros e apanhar sol, num sítio onde a pasmaceira era o prato do dia. Muitas vezes, o choninhas ia ter com os totós e brincava muito com eles. Mas havia um que lhe enchia os olhos, era um totó com pelo castanho fofo e tinha uma mancha branca no pescoço. Tinham brincadeiras engraçadas, passando horas e horas juntos sob o olhar atento do dono, o famoso “velho do Restelo”. Não conheces? Fala-se tantas vezes dele e não sabes quem é? O “velho do Restelo” é aquela pessoa derrotista, que só pensa de forma negativa, mas aos olhos de muitas pessoas poderá ser também a voz do bom senso. Estranho, não é? Eu também achei e por isso, aconselho a ler o Canto VI de “Os Lusíadas” onde Luís de Camões fala deste senhor. Já viram o quanto ele é famoso?

Este choninhas era mesmo totó, velhaco e tratava muito mal todas as pessoas que o circundavam, menos o cota.

Aquele, ele não tinha coragem para o tratar “abaixo de totó” como fazia com os outros. Sentia-se melhor e fazia-lhe bem-estar com ele, que o ensinava a ser melhor e a desembaraçar-se daquelas “trampas” em que se metia.

Aí que grande saloio!

Continua na próxima semana….