Amigos amigos… – Mara Tomé

Temos Amigos, amigos e hahmigos (Facebook não incluído porque não tenho nem quero ter nenhum perfil, porque a definição de amigos é algo muito mais do que “adicionar/convidar” indiscriminadamente)… Eu tenho a sorte (ou o azar!) de ter um pouco de cada – deve ser por causa da minha tendência absurda para agradar a gregos e troianos.

Tenho hahmigos que agradeço existirem e terem passado pela minha vida. Ensinaram-me a saber o que é  ter desprezo por alguém, a não confiar em toda a gente, a entender que a empatia é uma coisa temporária e a dar um verdadeiro sentido à máxima “os amigos são para as ocasiões”. São aqueles que se recusam a colocar-se no lugar do outro, que não fazem o mínimo esforço para tentar entender o que desconhecem, são aqueles que acham que nós é que somos loucos e eles os corretos, são aqueles que se dizem muito nossos amigos mas detestam a nossa prole – apesar de eles próprios já terem a sua dose, são os que cinicamente nos condenam por tudo o que façamos – bem ou mal… A esses agradeço terem-me ensinado a detestá-los e a querer distância. Um ensinamento à máfia, do género “tratar os estranhos como amigos e os amigos como estranhos”.


Tenho amigos que se lembram de nós e das piolhas, que nos contactam e que se preocupam em saber se está tudo bem ou ligam a contar uma novidade, nunca estão esquecidos, que apesar da distância, sabem que existimos e não precisamos de sair para tomar café para estarmos em constante contacto – é recíproco. São amigos que substituem aquela família que nos engana, nos dececiona, nos põe para baixo; são pessoas que não hesitam em apoiar-nos em todos os sentidos; são pessoas que nos contactam sem o esperarmos e que nos estendem a mão sem pedir nada em troca. Não são muitos, são os suficientes.

E tenho Amigos especiais a quem agradeço (além do marido, que é quem eu considero o meu melhor amigo e com quem falo de tudo, desde depilação às virilhas ou cosquices). Contam-se bem pelos dedos de uma mão (e sobram!). Nada é pedido, nada é exigido, não precisamos de palavras; as coisas simplesmente fluem. Estão lá, sempre, nos bons e maus momentos, partilhando o que há de bom e de mau – e nós igual! É algo quase tão natural como respirar, entregamo-nos à verdadeira amizade. E, tendo já o background que temos, esperamos que as piolhas a conheçam, em todo o seu esplendor, com verdadeiros amigos, dos poucos mas bons.

Crónica de Mara Tomé
T2 para 4