Amilcar Monteiro

É em Setembro de 1983 que Amílcar Monteiro é apresentado ao mundo. Apesar de até ter simpatizado com o mundo, Amílcar desconhecia a vil existência a que este o tinha condenado em conluio com os seus pais. Para começar, dotou-o de uma pele de tez pálida que no futuro lhe valeria, por várias vezes, o transporte em carros funerários por engano. Quase de seguida, os seus pais resolvem dar-lhe um nome africano, só para se poderem divertir à sua custa. Como se isso não bastasse, ainda proporcionam ao seu rebento uma infância feliz e uma boa educação, impossibilitando-o assim de se tornar num rapper. Com o passar dos anos, Amílcar descobre a sexualidade. Mas a dos outros. Nesse campo nunca teve sucesso, fosse com mulheres, animais ou cadáveres, muito devido a uma condição de que padece: Micropénis (Penis Microscopicus). Em 2001 atinge o seu limite e, num momento de desespero, decide entrar numa seita religiosa. No entanto, engana-se na porta e entra na faculdade, no curso de Psicologia. Só no quarto ano se apercebe que não está numa seita, pois em ambos os casos os oradores inventam teorias sobre coisas que desconhecem e os ouvintes não pensam por eles próprios. Só para agravar os seus problemas, termina a faculdade e consegue arranjar emprego. Farto de ser discriminado por ser (demasiado) branco, ter tido uma boa infância e ter um emprego fixo, decide demitir-se e expor as suas teorias da única forma que sabe: através do humor. Ao mesmo tempo que toma esta decisão, os seus pais e o mundo soltam gargalhadas maquiavélicas, regozijando-se com o facto de Amílcar desconhecer que esta é apenas mais uma terrível partida por eles orquestrada.