Carta a Lisboa – Rita Santos

Minha querida Lisboa

Há muitos dias que não estava cá e sempre que regressava era por pouco tempo, mas como veem ai as férias de Verão e o quente mês de Agosto decidi voltar e matar as saudades que tinha de ti.

Sim, não penses que não pensava em ti e que deixei para trás tudo aquilo que passei. Por mais sítios onde vá, por mais gente que conheça, por mais aventuras e desventuras que aconteçam eu volto sempre a ti. Tu és a minha cidade e acima de tudo respeito-te e lembro-me sempre de ti com carinho. Viste-me nascer e por vezes penso que fui ingrata contigo. Há tanta coisa que eu ainda não conheço sobre ti e parte desse desconhecimento foi por toliçe minha, pois tu dás imensas oportunidades e eu não consegui agarra-las. Felizmente sabes perdoar e eu sei muito bem que terei sempre uma porta aberta e que me recebes de braços abertos, sempre a brilhar e sempre cheia de cor. É assim que quero e que vou sempre lembrar-me de ti: da luz, da cor, do movimento, das pequenas ruelas e acima de tudo, da tua gente. A tua gente, por mais que se diga, é uma gente que eu admiro e que eu estimo. Temos defeitos? Temos e tu, Lisboa, também os tens e no final esses defeitos nem sempre são defeitos, pois onde pecas por defeito, os outros sítios pecam por excesso (e vice-versa). Nada se compara a ti, e então nesta altura do ano mais vontade dá de passear e de te ver, especialmente em Sintra com as suas florestas e magia. Tenho saudades da Lisboa antiga, mas eu sei que não podias estagnar no tempo e que avanças com o resto do mundo, e por um lado, fico feliz por tentares ser tão ou mais desenvolvida que tantas outras cidades no mundo pois é um sinal que cuidas de ti. Houve e há coisas que me desagradam em ti, mas sabes? Cada vez me convenço que todos me ofereçem sonhos e ilusões, enquanto tu Lisboa, és mais real e verdadeira. O que se espera de ti, dás.

Em Agosto posso não estar cá fisicamente, mas irei viajar muito em ti nos meus pensamentos e nas minhas memórias, pois é onde tu sempre resides e sempre residirás.

Um grande até já

Lisboa



Crónica de Rita Santos
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