Casos de assassinatos por psicopatas – Bárbara S. Delazeri

Na noite de 29 de março de 2008, o Brasil recebeu a chocante notícia de que uma menina, cujo nome é Isabella Nardoni, de cinco anos de idade, jogada  do sexto andar do Edifício London, em São Paulo.

Quase um ano depois, A Justiça Brasileira condenou Alexandre Nardoni, pai de Isabella, a 31 anos de prisão, e Anna Carolina Jatobá, madrasta, a 26 anos de prisão. Ambos terão de trabalhar na Cadeia. Ainda assim, a mãe da menina afirma que restou um vazio dentro de si: A falta de Isabella, que não irá voltar.

Após inúmeras simulações, armazenamento de provas e muita investigação, O casal Nardoni foi condenado. Ao menos quatro dos sete jurados foram favoráveis à condenação. Segundo o promotor responsável pelo caso, o juiz interrompeu a votação após o quarto voto favorável à condenação, para preservar o sigilo dos jurados. O advogado de defesa dos Nardoni, recorreu logo após a leitura da sentença. O caso Isabella se tornou um dos casos de polícia mais comentados da história brasileira e mobilizou a sociedade. As páginas de relacionamento na internet revelavam as opiniões e revolta de jovens e adultos. A sentença do Júri fica marcada como um episódio exemplar da Justiça brasileira. O caso foi uma barbaridade sem precedentes nas recentes histórias deste Brasil.

Até então, a justiça foi feita, mas e o vazio da família, onde fica? Como explicar um caso tão triste e perturbador?

O casal Nardoni, que apagou de forma desumana o sorriso da pequena Isabella, é apenas um exemplo, que se encaixa em um perfil de psicopatia. Segundo especialistas, esta não chega a ser uma doença, mas sim, um distúrbio mental grave caracterizado por um desvio de caráter, ausência de sentimentos genuínos, frieza, insensibilidade aos sentimentos alheios, manipulação, egocentrismo, falta de remorso e culpa para atos cruéis e inflexibilidade com castigos e punições. No caso de Alexandre Nardoni, era capaz de chorar, sem lágrimas. Apesar da psicopatia ser muito mais frequente nos indivíduos do sexo masculino, também atinge as mulheres, em variados níveis, embora com características diferenciadas e menos específicas que a psicopatia que atinge os homens. O mais assustador é o fato que entre 1 e 4% da população é sociopata em maior ou menor escala, mas a maioria das pessoas não é criminosa e é capaz de controlar-se dentro dos limites da tolerabilidade social. Eles são considerados somente como “socialmente perniciosos”, ou têm personalidade odiosa, e cada um de nós conhece alguém que se ajusta a esta descrição. Entretanto, poucos psicopatas chegam a tornar-se assassinos e criminosos.

“O mal existe e não tem cura.” É o que afirma a psiquiatra carioca Ana Beatriz Barbosa Silva, que lançou Mentes Perigosas: o Psicopata Mora ao Lado. No livro, ela afirma que psicopatas nascem com um funcionamento cerebral que não permite conexão com os outros seres humanos, e por isso agem sem limites. Ana Beatriz diz ainda que é um equívoco relacionar psicopatas apenas com pessoas capazes de atos violentos ou assassinatos. “Eles são 4% da população e podem ser qualquer pessoa: um colega de trabalho, o marido ou um filho”.

Psicopatas obviamente não destroem apenas as suas vidas, mas também daqueles que vivem as consequências dos atos que eles cometem. No Caso Isabella, a conseqüência para Nardoni e Jatobá foi a prisão. E para a mãe da menina e parentes, a dor de perdê-la.

Crónica de Bárbara S. Delazeri
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