Cinto ou mini-saia? – Raquel Santos

Nem costumo sair muito à noite, mas estas noites de Verão são apetecivéis. Nada melhor que aproveitar para dar umas caminhadas e ver o céu coberto de estrelas a brilhar. Mas nesse dia, queria ir à festa de Verão do bar mais badalado da cidade.

Num ápice, abri o guarda-fatos e tirei o primeiro trapinho que me apareceu à frente, o habitual top e jeans.
Maquiagem nem pus, sinto-me um pouco artificial. Eu prefiro mais ao natural, pelo menos mostramos aquilo que somos, bem em termos de aspecto, claro. Só uma à parte… Já viram fotos de famosas que são lindas de morrer e depois quando tiram as pinturas revelam-se outras! Que medo!

Entrei rapidamente no carro e poucos minutos depois cheguei ao tal bar. Ao abrir a porta do carro apercebo-me que estou num mundo à parte, possivelmente devo ter parado no tempo, em relaçao à roupa. Vestidos curtos, coloridos e alguns deles cheios de proporinas. Senhoras muito maquiadas e com penteados quase que artesanais, e pensei: “Vim para um casamento e nao reparei?”

Metros à frente vi um grupo de amigas que pareciam nuas da cinta para baixo. Ai eu disse “pareciam”, nao comecem ja a lamber os beiços! Eu refleti para mim mesma: onde estão as calças? Será que agora por causa da crise nem dinheiro à para comprar tecido para cobrir esta parte do corpo. Ai nao me digas que é devido ao calor, assim ter ar condicionado direto. Ai pensamentos pecaminosos! Pronto eu agora não penso só reflito (apesar de me ter esquecido de vestir o meu colete reflector ahah).

Observei melhor e aporei que afinal existia um pedaço de tecido que envolvia as estreitas cinturas. Aquilo a que chamam mini-saias pareciam autênticos cintos largos. Só tapavam mesmo aquilo que vocês sabem e o resto estava tudo á mostra.
Já dentro do bar, elas dão movimentos suaves porque se se mexessem mais um bocadinho, via-se uma subtil mão deslizar aquela mini, mas miini-saia para baixo. Vou agora refletir, se me permitem: Então porque é que as usam se não estão à vontade? Quase que nem se podem mexer… podiam fazer como eu e levar uma roupa mais descontraída.
Cada um é como cada qual, já dizia a minha avó, mas bastava um bocadinho de mais tecido, para aumentar aquelas espécies de saias! E pelo que já ouvi dizer, o preço é quase o mesmo.

A única coisa que me leva a pensar ( desculpem, eu sei que disse que não pensava mais, mas não resisti) é que as pessoas vivem muito das aparências, em vez de serem elas próprias. Já pensaram nisso?

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