Colocando-se no lugar do outro – Histórias, lugares e factos

Fernanda conversava com sua mãe à respeito de uma colega de aula. Disse-lhe que a menina que antes era sua amiga, já não falava mais com ela normalmente, havia se afastado, sem dizer o porquê. Então encheu a menina de adjetivos, disse que era invejosa, que provavelmente tinha ciúme das amizades dela, ou de suas notas escolares, e que provavelmente por alguma destas causas havia mudado com ela.

A mãe ficou pensativa, e dias depois, compareceu à escola para pagar a mensalidade, e resolveu comentar sobre o caso da menina, amiga de sua filha Fernanda. Disse à coordenadora, de modo discreto, que a menina havia se afastado de sua filha. A Coordenadora, disse à mãe de Fernanda que a amiga a quem se referia, estava com sérios problemas em casa, os pais estavam a ponto de se separar, e ainda para piorar, a irmã  mais nova da menina estava doente.

A mãe foi para casa, pensativa. E contou à filha o que havia acontecido, mas pediu que ela mantivesse em segredo, já que foi algo que a coordenadora da escola lhe confiou. Dali por diante, Fernanda passou a olhar a colega com mais brandura e compaixão, insistindo em uma nova proximidade, com paciência. Aos poucos a menina conseguiu voltar a ser a amiga que ela, e lhe confidenciou todos seus problemas, pois percebeu que Fernanda estava ao seu lado. Por fim, tudo se resolveu.

Esta pequena história pode ser analisada de diversos pontos, entretanto, gostaria de destacar apenas um, que se encontra no início dela. O pré julgamento que Fernanda faz de sua amiga. Pensou em várias coisas, mas esqueceu de considerar a possibilidade de sua amiga estar com problemas pessoais. Essa história é a vida real. Afinal, tomamos atitudes como esta diariamente, em diferentes situações. Temos a tendência a ser egocêntricos, e colocar a nós mesmos como principal e nos rotular como quem está com a razão, pois temos nossas próprias convicções.

Quando nos desentendemos com alguém, sempre defendemos nosso ponto de vista, esquecendo de nos colocar no lugar do outro. Não paramos para pensar que as pessoas também têm seu modo de pensar, e tem sentimentos. Tudo se resolveria se aprendêssemos a olhar com os olhos do outro, e sentir com o coração do outro.

Jesus Cristo, no auge da dor física e psicológica, enquanto carregava a cruz, conseguiu dizer palavras para confortar aqueles que estava sofrendo ao vê-lo morrer. Quem dera que pudéssemos ser assim. Está certo que somos humanos, mortais e imperfeitos. Mas podemos trabalhar o diálogo, para tentar entender as pessoas à nossa volta e suas limitações. Dificilmente as pessoas nos magoam de propósito, mas nós nos zangamos com  facilidade. Se quisermos viver melhor e sermos mais felizes, precisamos compreender mais as pessoas à nossa volta. Fará bem para elas, e mais ainda, para nós mesmos.


Crónica de Bárbara S. Delazeri
Histórias, lugares e factos