Como um alho! – Mi Céu

Estamos sempre, mas mesmo sempre aprender…mesmo que pensemos que não, basta virarmos a cabeça de um lado para o outro, tendo alcance de diferentes realidades, para ao repararmos nos detalhes, aprendermos com eles…

Esta última semana, estava eu nas lides domésticas e de apoio à família, em que a idade não perdoa e ao avançar, obriga-nos a estar mais presentes em tarefas que antes eram feitas de forma autónoma! Como diria qualquer tuga, numa expressão muito portuguesa, eram tarefas feitas antes “com uma perna às costas”!

O português e a sua língua formam um verdadeiro dueto, em que nos perdemos no sem número de expressões que existem para tudo e mais alguma coisa…corre no “sangue” do verdadeiro tuga a criatividade aliada às palavras, principalmente em expressões que quase fazem ressuscitar algumas almas, não querendo ferir susceptibilidades!

Temos um poder e uma força, muito peculiar com as palavras que usamos, em contextos em que nada o fazia prever!
Dando continuidade, esta semana quando ajudava a minha querida tia avó numa série de cuidados de higiene pessoal, pediu-me que lhe chegasse algo que lhe faltava e como ela é parte integrante da nossa família e vive connosco há muitos anos…existe um conhecimento e entendimento profundo…ao ouvir o que queria, rapidamente o alcancei…ao que me respondeu de forma surpreendente com uma nova expressão (até hoje nunca tinha ouvido) “és como um alho!” soltei uma risada e perguntei-lhe o que queria dizer com isso, explicou que queria referir-se que eu era inteligente, pois rapidamente cheguei ao que me pediu, mesmo sem ela me explicar onde estava!

Engraçado, ouvir e dar atenção a estas e a muitas outras expressões, que são utilizadas por pessoas da idade da minha tia, quase 85 anos e outras pessoas mais antigas…embora nem a 4ª classe tenha feito, consegue utilizar expressões e palavras diferentes do que estamos habituados a ouvir, muitos arcaísmos, muitos regionalismos, muitas expressões feitas por ela e depois vem a parte que também considero muito engraçada, o saber da experiência feito ou a tão chamada sabedoria popular…vou referir alguns exemplos, para que percebam a que me refiro, logo pela manhã a D. Margarida ao olhar pela janela da cozinha de onde consegue ver o céu numa enorme extensão, normalmente dá o seu palpite sobre a meteorologia, apresentando uma previsão…e normalmente, não falha! Essa parte, dá que pensar, é por isso que de forma corriqueira se fala deste tipo de sabedoria…os antigos, raramente se enganam em quase tudo…é com o tempo, é com situações do dia-a-dia, é com aplicação de ditados no momento certo…uma panóplia de situações e exemplos que daria para ficarmos seguramente uns dias a estudar esta matéria…bem interessante, por sinal! Pois ao vermos a nossa população tão envelhecida, penso muitas vezes como vai ser quando já não tivermos esta sabedoria entre nós…já nada será igual…já agora, notamos que poucas coisas são iguais há uns anos atrás, mas e agora? Piorou muito…esta geração morangos com açúcar, pouco retêm e rapidamente se desinteressam por uma temática…não se especializam, como faziam os nossos idosos que sabem, tudo o que são truques associados ao que dominam!


A diferença entre o ter tudo e o não ter nada….diferente o ter de se fazer à vida, do ter quem lute por nós, erradamente…o pai, a mãe, o tio, o padrinho…as ajudas hoje surgem…antigamente? As pessoas não sabiam o que era ter uma ajuda em nenhum sentido…mas isso fez desses homens e mulheres, grandes em quase tudo, a que se propuseram fazer…marcaram épocas em todas as áreas…por isso, vêem novas modas, mas vão sempre buscar o tempos áureos como inspiração…e são deliciosos, por serem tão completos, tão enriquecedores, tão tudo…

Hoje passamos vida a copiar ideias dos outros, expressões dos outros, a mandar indirectas aos outros, a criticar negativamente os outros…em vez de nos auto-criticarmos, nos auto- analisarmos, nos auto-formarmos e especializarmos…hoje somos preguiçosos em dar um salto, sair do sofá, fazermos um telefonema para alguém, escrevermos uma carta, ou porque não uma crónica…podemos fazer tanta coisa, diferente, basta querermos!!

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