Um plano de crescimento para a Zona Euro, no valor de 130 mil milhões de euros (1% do PIB da zona euro), elaborado por Merkel, Hollande, Monti e Rajoy (respectivamente, líderes dos governos de Alemanha, França, Itália e Espanha ), foi anunciado no passado Sábado.
Os quatro líderes das quatro economias mais fortes da zona euro encontraram-se em Roma para estabelecer um plano de crescimento ainda por explicar de que forma e em que moldes irá funcionar. No entanto, o que se sabe é que esse plano será financiado através de fundos estruturais da União Europeia, do Banco Europeu de Investimento e de eurobonds (obrigações comuns, emitidas pelo conjunto dos 27 Estados-membros da União Europeia). Juntos disseram que o Euro é moeda para perdurar.
Aqui, e agora, creio poder afirmar: o Euro não correrá mais perigo. E não é pelo montante do plano em si mesmo já anunciado, mas sim porque representa uma inversão nas políticas europeias até agora desenhadas e implementadas. Crescimento sim, austeridade mais ou menos, e é esta a mensagem que Merkel, Hollande, Monti e Rajoy transmitem num Sábado aos mercados americanos e asiáticos (aqueles que trabalham ao fim-de-semana, e que pretendem tornar a zona euro numa granada sem cavilha).
Com mais de 17 milhões de desempregados, e onde enorme fatia corresponde a jovens (muitos deles licenciados), a Europa não pode mais fugir à realidade: o crescimento é um comboio que poderá não mais passar em tempo útil para toda uma geração de brilhantes recursos intelectuais e funcionais.
Se a ambição parece ser pouca, esses 130 mil milhões de euros serão apenas o início de um plano de investimento que auguro de muito maiores proporções. Direi mais: aposto que este montante anunciado representará 10% do valor total que esses quatro países pensaram em injectar na economia europeia. Um mal menor, até porque o Banco Central Europeu poderia, com uma pequena alteração do Tratado de Lisboa, imprimir notas, coisa que está impedido de fazer.
Uma nota de reflexão: em semana de Conselho Europeu (28 e 29 de Junho), será que com este plano se pretendem limitar as exigências de Portugal, ou Irlanda e Grécia, por melhores condições quanto à austeridade, que poderão ser apresentadas por Passos Coelho nesse encontro? Também aposto que sim. E você?
Concluo a minha crónica com um pensamento de Paulo Portas, Ministro dos Negócios Estrangeiros, que acompanhou Pedro Passos Coelho, primeiro-ministro, à Colômbia, para estabelecer negócios com agentes locais:
“Se transferirem capital para os bancos portugueses superior a um milhão de euros, se comprarem propriedades ou terrenos em Portugal superiores a meio milhão de euros e se criarem mais de 30 postos de trabalho terão um título de residência especialmente favorável em Portugal, ou seja, na Europa, que dará acesso, se tudo se passar corretamente, a um título definitivo(…)Quem investe, quem aposta, quem cria postos de trabalho em Portugal terá do Governo português uma política de autorização de residência especialmente amiga (…)Quem é amigo de Portugal é bem tratado pelos portugueses”.
Quase que me apetece citar o grande jornalista Fernando Pessa (quem se lembra dele?eu lembro-me dele!): “E esta, hein?”
Antes que me esqueça, dá para acreditar na vergonha que assola o Paraguai? A Câmara dos Deputados paraguaia aprovou na quinta-feira a abertura do processo de “impeachment” contra Fernando Lugo, como reflexo de um conflito agrário que deixou 18 mortos – entre policias e pessoas “sem-terra” – durante a reintegração de posse da fazenda de um empresário ocorrida há pouco mais de uma semana atrás. O Brasil é o país mais activo na mobilização contra este golpe, que Federico Franco, anterior vice do Partido Radical Liberal Auténtico (PRLA) e do Congresso paraguaio, rejeita ser um golpe e se torna assim, em menos de 24 horas e sem defesa possível para Fernando Lugo, novo presidente. Absolutamente vergonhoso!
Crónica de Nuno Araújo
Da Ocidental Praia Lusitana
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Eu limpo, tu sujas, ele desarruma…
RIP Noção