Da Ocidental praia Lusitana – Queremos o nosso dinheiro de volta.

Andam a gozar com o povo. Outra vez. Agora é a vez da parelha Governo/Lusoponte. Mas não há problema para Passos Coelho, pois “o povo é sereno”, tal como se dizia em pleno PREC, no Terreiro do Paço (porém, nesse momento, havia quem pusesse fogo a vários panos aí desfraldados, enunciando palavras de ordem).

Concerteza de que se lembra, mesmo não sendo de Lisboa, que as portagens da Ponte 25 de Abril, no ano passado, foram cobradas, por força da necessidade de o Estado obter mais dinheiro nos seus “cofres”. Ora, essa cobrança de portagens, que não era prática comum em anos anteriores, justificava uma compensação à Lusoponte, concessionária da referida ponte. Pois, agora, a Lusoponte ficou com esse dinheiro de portagens, que não lhe é devido, porque já recebeu a compensação do Estado – em dinheiro, digamo-lo, sem rodeios.

Sem rodeios, afirmo: a Lusoponte tem de ressarcir financeiramente o Estado, quanto antes.

Haverá outra forma de lhe perguntar, a si, que lê esta crónica, senão esta: quer parte do seu dinheiro de volta? Pois, o dinheiro com que a Lusoponte ficou pertence ao Estado, logo também é seu . Estava a ver que ia responder “não”…olhe, a carestia de vida, associada ao montante que o Governo vai arrecadar com subsídios retidos na fonte e IVA mais alto, é uma óptima justificação para explicar a via por onde o Estado arrecada dinheiro seu. Mas ainda há mais uma: esta via insensível das portagens. A mesma via insensível que impõe SCUTS agora pagas a “peso de ouro”, que compromete o desenvolvimento económico e social de várias localidades, geograficamente e economicamente distantes dos grandes centros urbanos (daí o princípio de subsidariedade aplicado e pensado quanto às SCUTS), e que cujos custos constituem um “rombo” para qualquer orçamento pessoal e familiar, daquelas mulheres e homens que têm de percorrer estas estradas como única alternativa viável aos seus movimentos pendulares.

Demita-se a administração da Estradas de Portugal, demitam-se auditores nomeados pelas próprias esposas, demitam-se ministros sem pasta (onde está a economia?), mas o que realmente importa, nos dias que correm, é o dinheiro que “escapa” ao bolso dos portugueses. Logo, quando o mesmo “escapa” ao Estado, todos temos o “direito à indignação”, até porque a “factura” sobra sempre para o mesmo “pobre coitado”: o povo português.

Crónica de Nuno Araújo
Da Ocidental Praia Lusitana