Declarações no WC – Maria João Costa

Há coisas que não passam de moda, que eu via quando tinha 13 anos, e não percebia, e continuo a ver, e continuo a não perceber.

Ainda vejo, nos sítios mais estranhos, declarações de amor (e de muito ciúme) em casas de banho públicas. A última, que me deu o mote para esta espécie de crónica, foi num centro de saúde. Vamos por parte, mas qual é o objetivo? Acham mesmo que o rapaz vai utilizar aquela casa de banho em particular? Não dá para perceber.

Nas escolas é tolerável, não deixa de ser incompreensível, mas aceita-se; elas gostam de divulgar as paixões platónicas, gostam de fazer ciúmes às miúdas das outras turmas, é uma necessidade de afirmação, de “estás a ver, ele agora é meu namorado”. Mas quando usam corretores fora das portas das escolas, aí não nenhum argumento que me faça compreender, não faz sentido. Se querem fazer desabafos, usem o twitter ou façam perguntas anónimas no Ask, a probabilidade de ele ficar a saber dos vossos sentimentos é maior. E deixem as senhoras da limpeza descansarem, elas não param de gastar frascos de álcool isopropílico para conseguirem tirar os “Amo-te Joaquim” das portas e azulejos, já não há algodão que resista.

E depois disto não há muito mais a dizer, ou há:

A si, que é pai ou mãe, não compre corretor este ano, a sua filha não precisa; e ensine que as meninas não devem de ir aos pares à casa de banho, pode ser que a taxa de “Manifes de amor no Wc” diminua, assim como o uso de álcool isopropílico.

 

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!