Depois dos vampiros, depois dos lobisomens eis que chegam as criaturas das salas de cinema – Teresa Isabel Silva

Ir ao cinema é sempre uma surpresa.
Digo isto, mas não sou daquelas pessoas que quando sentam o rabinho na cadeira do cinema ainda não sabem o que é que vão ver. E que depois passam o filme todo, surpreendidos com o desenrolar da história.
Mas hoje, decidi falar da qualidade das crianças/adolescente que vão para o cinema num horário em que já deviam era de estar na cama.
Estes jovens espectadores levam todo o filme muito a sério. São capazes de elaboradas coreografia para demonstrar a sua opinião sobre aquilo que estão a ver.
O gesto mais frequente é soltar suspiros ou gritinhos quando uma das personagens do elenco lhes regala a vista. Depois, uma panóplia de gestos e expressões de revolta, quando está a acontecer algo que esses espectadores não queriam que acontecese. E depois, ainda existem as palmas eufóricas perante o final feliz. Palmas essas que transformam essas criaturas da sala escura do cinema em verdadeiras imitações de passageiros satisfeitos de um avião que acabou de aterrar em segurança.
Agora pergunto-me, será que estas criaturas já andaram de avião? Será que bateram palmas quando descobriram que estavam em segurança? Ou mais importante de que isso: Será que elas sabem o que é a segurança?

Seja como for, os jovens de hoje em dia, levam muito a sério as suas idas ao cinema. Vestem as suas melhores roupinhas (algumas até vestem as roupinhas das mães) e sentem-se as maiores do mundo, mesmo quando são incapazes de descobrir os seus lugares (o que as faz andar á volta por toda a sala a estorvar).
Depois disso, passam o filme todo inquietas, vão buscar mais bebidas, vão á casa de banho, e um espectador concentrado tem que as ver cabeças delas a mexer como malucas, numa imitação muito realista das pipocas a saltar no calor.

Pois é meus caros leitores, se pretenderem evitar estas criaturas das salas de cinema evitem ir ao cinema, ou então tenham muito cuidado com o filme que escolhem.

 

 

Crónica de Teresa Isabel Silva
Crónicas Minhas