Dicas para o comportamento masculino num supermercado – Miguel Bessa Soares

Enquanto criança, em meados dos anos 80, quando acompanhava a minha mãe ao mini mercado local, da D.ª Heloisa, era impensável para mim, e até para a minha mãe que um dia eu enquanto esposo tivesse de ir sozinho a um mini mercado. Muito menos impensável que se fosse a um super mercado, por dá cá aquela palha.

É nos mercados que se vê a loucura que foram os anos 80 e 90. Foram de mercados, passaram por mini-mercados, a super-mercados, e agora os hiper-mercados. Depois ainda querem explicações para a crise…

Mas hoje em dia, marido que se preze, ou melhor marido que quer manter a mulher minimamente satisfeita (nos dias de hoje só a cama não chega), tem que ir de vez em quando fazer compras. Convenhamos, o supermercado não é um sitio onde  um homem queira ser visto. De algum modo a nossa masculinidade parece cair no momento em que andamos à procura se determinado produto tem ou é uma fonte de Ómega 3, ou se os cereais têm fibras. Senhoras! Já provaram bem aquilo? Aquilo sabe a cartão importa lá se têm fibras ou não.

Num supermercado há que manter a dignidade masculina, principalmente quando lá encontramos os nossos amigos ou vizinhos. Aplique-se aqui o código de ética de um balneário masculino: Não é necessário grandes cumprimentos, o simples acenar de cabeça cabisbaixo chega. E principalmente  olhar para o lado, olhar para o chão não olhar directamente para o mano masculino que ali está, na situação degradante, tal como nós de fazer compras sozinho.  E enquanto homem nunca fique especado enquanto o seu amigo verifica se o pH do gel de banho é neutro ou quase neutro. Não se esqueça nunca, que no próximo corredor será você que vai estar a certificar-se se os pensos higiénicos são absorventes ou ultra absorventes, se têm ou não abas, se contém ou não Aloe Vera.

E quando encontram no supermercado uma vizinha ou amiga casada, às compras sozinha? Tudo muda de figura. Nunca sabemos o dia de amanhã e convém que o mulherio esteja do nosso lado. Lembrem-se sempre que elas falam umas com as outras, ao contrário de nós. Cumprimente calorosamente a sua amiga, comente os preços e as promoções, olhe para o carrinho, diga que o azeite que ela leva é muito bom, pouco ácido. Mas cuidado! Aqui é a linha entre ser atencioso e útil é muito ténue em relação a ser gay. Queremos que ela diga Fulana de X é uma sortuda! Que marido. E não que diga Fulana de X, coitada precisa de um homem a sério.

Aproveito para informar a minha esposa que esta crónica é meramente informativa, não foi feito nenhum trabalho de pesquisa. O facto de ter encontrado a loira do 5º esq.º no “sítio do costume” foi mera coincidência.

Crónica de Miguel Bessa Soares
Mundo ao Contrário