Diz que …

Nasci no seio de uma família pobre, à qual muito me orgulho de pertencer. Nesse tempo, uma nota como a mostrada em cima era uma pequena fortuna. Na escola, no chamado ciclo preparatório, 500 escudos davam-me para pelo menos uma semana, incluindo as senhas da refeição. Hoje em dia, 2,5€ não dá para quase nada.

Não se pode, em bom rigor, dizer que este texto vai versar um certo saudosismo em relação ao escudo, pois tenho a noção que o euro é uma clara vantagem para a globalização do país, especialmente a nível económico. Mas certo é que a passagem para o euro cortou pela raiz a possibilidade da intervenção na economia através da valorização (ou desvalorização) da moeda, para além de ter confundido parte dos portugueses, enquanto que a outra parte utilizou isso como um negócio.

A parte que foi confundida foram os mais idosos que, pela semelhança da moeda, passaram a vender os repolhos, batatas e outros produtos da horta a 1 euro, quando antigamente vendiam a 100 escudos. O negócio foi para os que se aproveitaram para, mesmo sabendo a diferença entre 1 euro e 100 escudos, duplicar o preço das coisas, tomando partido da confusão dos primeiros. Resultado de uma desregrada passagem para o euro.

Por conseguinte, pergunto-me como é possível que, actualmente, alguém diga que temos de “empobrecer”, que voltar aos níveis de vida dos anos 80 ou 90. Vão reduzir os preços pela metade?

Mesmo que reduzam os preços pela metade, a parte que poupamos vai ser absorvido pela carga fiscal. A politica actual consiste em incentivar a poupança, diz o Governo. É difícil poupar quando o Estado leva a maior fatia em impostos. É como arrancar todas as árvores de um pomar pela raiz e voltar mais tarde para ver se deu frutos.

Gostaria de pedir desculpa aos estimados leitores e gerência pela tardia entrega para publicação deste texto, mas motivos de força maior do foro pessoal impediram-me de o fazer mais cedo. Farei os possíveis para evitar que volte a acontecer. Grato pela compreensão.