Diz que, afinal, dá para cortar mais na despesa

Sou sincero: só li por alto no Público as medidas de austeridade que o Governo espanhol quer aplicar. Não as conheço em pormenor. Mas uma coisa saltou-me imediatamente à vista: não há cortes nos vencimentos (só congelamento) e todos os subsídios e pensões vão ser actualizados.

Os espanhóis não vão ter, pelo menos para já, aumento de IVA, nem cortes de salários ou subsídios aos trabalhadores da função pública. E ainda assim o governo prevê cortar 16.9% da despesa dos seus ministérios.

Se vão ter sucesso? Não sabemos, para já. Mas uma coisa é de salientar: não aumentam o poder de compra dos funcionários públicos, mas também não o cortam drasticamente como no nosso país. Evitam aumentar o IVA para não estrangular a economia como sucede em Portugal. Em suma, pode não passar apenas de boas intenções – afinal é também um governo de direita – mas ao menos prefere começar por onde o governo português não mostra intenções de intervir: nas chamadas “gorduras”, despesas supérfluas do Estado, especialmente do próprio executivo.

Nem tudo “são rosas”, bem sei. Basta ver pelo corte dos benefícios fiscais às empresas e o aumento dos impostos sobre os rendimentos do trabalho, capital e imóveis, decido em Dezembro, para já não falar da nova legislação laboral. Ainda assim, é positivo, a meu ver, que o executivo espanhol tenha pensado em não aumentar IVA, para não prejudicar o consumo e a recuperação económica, bem como em apenas congelar os ordenados daqueles que trabalham para o Estado.


Crónica de João Cerveira
Diz que…