Diz que … Cheira a podre… – João Cerveira

Há uns anos, já com Paulo Portas presidente, o CDS foi confrontado com facturas passadas a um tal de “Jacinto Leite Capelo Rêgo”, nome usado há décadas em piadas. Foi supostamente investigado, nunca ninguém apresentou – pelo menos publicamente – o referido senhor, mas o partido não foi condenado, ao que se sabe. Um dos responsáveis pela emissão de tal facturas foi recentemente nomeado para adjunto de uma das secretarias de Estado do ministério de Paulo Portas.

José Sócrates de Carvalho Pinto de Sousa, mais conhecido apenas como Sócrates, frequentou o ISEC (em Coimbra) nos anos 70, tendo obtido o grau de engenheiro técnico civil  (bacharelato). Nos anos 90 frequentou a agora extinta Universidade Independente, de forma a fazer algumas disciplinas que lhe permitisse atingir o grau de licenciatura. Gerou bastante polémica o facto de ter terminado o curso com um (ou vários) exame(s) a um domingo. Supostamente foi investigado, nada foi provado. Esta polémica foi em 2007 (e Sócrates foi acusado de ameaçar jornalistas para que parassem de levantar suspeitas sobre a sua licenciatura), continuou como Primeiro-Ministro até 2011, como é do conhecimento público.

Miguel Relvas fez uma cadeira no curso de Direito, passou pelo de História sem fazer nenhuma. Décadas depois inscreve-se num curso na Universidade Lusófona que, de um curso de 4 anos, só não lhe dá equivalência a 4 disciplinas, baseado na sua experiência profissional. Supostamente é legal mas a maioria das Universidades limita este tipo de equivalências a uma certa percentagem do curso. A Lusófona diz que há mais 89 licenciados nestas condições. Só não explica a quem e se tiveram tão grande número de equivalências como o então deputado social democrata, hoje ministro. Bem como não consegui encontrar em que Faculdade esteve este cidadão matriculado. Em, como dizem os antigos, “águas de bacalhau” ficaram também as alegadas ameaças de Miguel Relvas a uma jornalista do jornal Público para que não publicasse um artigo sobre a inconsistência e contradições do seu discurso nas várias declarações que prestou na Assembleia a respeito das Secretas e da sua ligação com Silva Carvalho. Disse também ter sido um lapso ter declarado à Assembleia que frequentava o segundo ano de direito quando, na verdade, apenas tinha feito uma cadeira.

Se recuarmos uns anos, encontramos a criação de um grupo económico, de nome SLN, proprietário do banco BPN. Este grupo foi criado por ex-governantes, todos eles de governos chefiados por Cavaco Silva, que, de resto, ainda chegou a ter capitais investidos no banco, tal como a sua filha. Como é sabido, há uns anos, o grupo mudou de administração e foi essa mesma equipa gestora que encontrou o chamado “buraco sem fundo” nas contas do banco. O actual presidente da Republica apressou-se a dizer que nada tinha a ver com isso.

Não é reconhecido a Pedro Passos Coelho qualquer outra ocupação que não a militância politica, pelo menos até ter terminado o seu curso em Direito, com 37 anos. Aí o amigo Ângelo Correia, também social democrata, convidou-o a gerir uma das suas empresas. Empresa essa que, anos mais tarde, havia de ser fortemente multada por despejo indevido no Tejo. Quando Passos disse que tinha a vantagem de não ser uma pessoa experiente no meio (aludindo ao que chamava de vícios próprios de quem já pela governação tinha passado), só poderia estar a referir-se, creio, à experiência de trabalhar.

Perante tudo isto só me resta concluir: a politica está podre e em todos os sectores. Como havemos nós de poder confiar na politica e nos políticos?

 


Crónica de João Cerveira
Diz que…