Dos 20 para os 30, dos 40 para os 50 – Patrícia Marques

“…Eu te recebo,

Na saúde e na doença,

Na alegria e na tristeza…”

 

A conjugação do verbo amar implica desde o seu início o respeito mútuo, a reciprocidade, e a sustentabilidade da relação. As emoções de cada ser humano têm tendência a desequilibrar o grau de estabilidade emocional da Pessoa, da relação, dado o conjunto de consequências que afloram no comportamento atitudinal do Ser-Pessoa.

Dada a fase inicial, o casal na lembrança desta base de conjugalidade (ainda recente), manifesta a tolerância, a paciência, afeição e tende a acrescer à sua relação, a oportunidade da resposta imediata ao confronto – condicionante que pode de alguma forma, extinguir paulatinamente, o amor e balancear de algum modo, a base da relação amorosa. Estes confrontos iniciais, são processos relembrados mais tarde, como oportunidades para o crescimento uno e mútuo e para a consequente evolução da espiritualidade relacional ou do casal.

Mais tarde, aparecidos os rebentos, origem da relação já com possíveis obstáculos ultrapassados, a atenção e o amor é agora focalizada para os mesmos. Os papéis educacionais estão amplificados e todo o conjunto de funções associadas se inclinam principalmente para mim (Pai) e para ti (Mãe).

Este repensar relacional baseado no sustento de uma relação de amor principiada a dois, origina a um constatar emocional mais individual. Assim, esta mudança implica a existência (re)aprendida do que outrora surgira automaticamente, ou seja: diálogo, compreensão, reposicionamento dos dois elementos numa relação sustentada no e com amor.

Dado o amadurecer da relação e aceitando à partida esta vivência natural, realizada a partir do casamento, surge a questão da realização pessoal. Um período de questionamento existencial pessoal e relacional «Quem sou Eu?», «Qual o meu papel aqui?» vai surgindo face à gradual apreensão das realidades da relação, da própria realização pessoal, das questões aliadas ao amor – emoções, sexualidade, diálogo, reciprocidade, entendimento, compreensão, etc., e ainda, das questões ligadas à parentalidade e cumprimento de deveres enquanto pais.

Reposicionar a base do sustento do amor é fundamental em situações de crise ou situações de mudança. É igualmente importante quando os obstáculos, – condicionantes da relação harmoniosa – superam o fundo de zelo de amor construído ao longo do tempo experiencial a dois.

A questão é:

«Como reposicionar a base do sustento do amor, de modo a que todas as condicionantes submerjam no fundo de zelo de amor construído?»

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Este artigo reflete a importância de construir um fundo de zelo de amor, sustentado nas premissas iniciais da força de uma relação. No período pós-inicial, onde a habituação pode fazer parte do tempo diário a dois, é importante reposicionar o pensamento relacional, conferindo a sustentabilidade emocional face a possíveis confrontos/condições que certamente podem de algum modo surgir.

 

Crónica de Patrícia Marques
Um lugar ao Sol
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