DreamCast – o último suspiro da SEGA? – Pedro Nascimento

Seguindo a bitola das últimas edições nas quais a SEGA acabou sempre por ser mencionada, hoje este espaço é dedicado à última consola da outrora gigante japonesa. Essa, a Dreamcast, com as suas inovações técnicas e o seu comando aerodinâmico marcou o fim de uma era – o período da indústria em que a SEGA mordia os calcanhares aos outros tubarões como a Nintendo ou a Sony.

Lançada em 1998 no Japão e no resto do mundo no ano seguinte, a Dreamcast iniciou o ciclo de vida da convencionada sexta geração de consolas de videojogo – pela primeira vez haviam 128 bits prontos a ser explorados pelos produtores. Devido a jogadas de marketing arrojadas – nomeadamente o epíteto de primeira consola da nova era – tornou-se um sucesso comercial, a prazo. Quando a Sony anunciou que havia um bichinho chamado Playstation 2 prestes a nascer as vendas estagnaram. Quando o bichinho viu a luz do sol, em 2000, ergueu-se a penumbra da noite para o Sonic & Co..

Não é que fosse o Sonic o grande porta-estandarte de pioneirismo da Dreamcast. Também foi, claro, mas esta foi a geração de jogos como Crazy Taxi, Ready 2 Rumble, SoulCalibur, Virtua Tennis, Power Stone ou Jet Set Radio. Sem esquecer as aclamadas sequelas Rayman 2: The Great Escape, Resident Evil Code: Veronica, ou Dead or Alive 2. E claro, o ambicioso jogo da temporada, apelidado de mais caro da indústria até à data, Shenmue. Eis dez títulos que marcaram a diferença através da Dreamcast.

Mas desengane-se o leitor distraído: não foi só através de software que o 5º lançamento de hardware da SEGA inovou. Pela primeira vez na história das consolas a ligação à internet tornava-se um perk dos utilizadores: um modem interno, devidamente instalado e pronto a carburar co-op ou versus online gaming, perdão zero pelo inglês, avançava a indústria em direcção ao modelo social e multiplayer que hoje é central tanto na produção como na recepção dos videojogos. A Dreamcast foi também a primeira consola a facultar a possibilidade de jogos em HD (480p) através do seu adaptador VGA. Mais a mais, também o controlador era novidade. Não só estava perto do design de uma nave espacial como as suas funções justamente caíam nessa designação. Ou seja, a ranhura que estava ao meio que inevitavelmente levantava a pergunta “para que é isto” com desdém no sobrolho servia o propósito de diferentes acessórios vendidos em separado. Um deles, por exemplo, gravava o progresso do jogo. Outro, servia como mostrador de elementos do jogo em questão para o jogador – mapas, estatísticas, coisas assim. Havia ainda outro que fazia ambas as coisas. Curiosamente, quando vi pela primeira vez o comando da Wii U lembrei-me imediatamente do controlador da Dreamcast como se me lembrasse do Neandertal do Homo Sapiens.

É sempre bom lembrar a evolução como um princípio universal da matéria. Assim se pensa hoje, pelo menos. Pena a queda abrupta da SEGA no mercado. Talvez um dia se soerga como um gigante. Até lá sobrevive como uma distribuidora relativamente prolífera. Aguardemos os próximos capítulos.

L2R2 X-Δ aqui para vocês!

Curiosidade X-Δ: sabiam que o logo da Dreamcast mudava a cor consoante a região? (Japão, PAL, E.U.A.)
                             Região PAL                         


Crónica de Pedro Nascimento
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