Duas por dia… – Laura Paiva

Hoje, na rua e em pleno corre-corre matinal, ouvi um excerto de uma conversa telefónica – aqui quero frisar que foi apenas um excerto.
Um homem novo, por sinal bem-parecido e com ar saudável, cruzou-se comigo em passo rápido mas muito compenetrado como quem atenta ao que lhe é dito do outro lado.

Não sei, agora, se o ar compenetrado não traria implícita a preocupação com a execução das instruções pois viu-se na necessidade de questionar, de modo firme, repetindo o que ouvira:

“duas por dia????… uma de manhã e uma à noite????… durante uma semana????…”

Confesso que já se passaram várias horas e que ainda não consegui esquecer este pequeno excerto, de conversa alheia, que a minha audição captou.

E porquê?
Porque morro de curiosidade de saber a que se referem “as duas”!

Serão duas pastilhas elásticas (vulgo chicletes)?
Serão duas injecções?
Serão duas peças de fruta?
Serão duas ferradelazinhas?
Serão duas palmadas?
Serão duas colheres de qualquer medicamento líquido?
Duas quê, caramba????

Sou de natureza maliciosa (q.b.) e com uma imaginação muito sexy, perdão, fértil mas tenho quase a certeza que “as duas” não se referem à primeira ideia que me assaltou e, que tal como a mim, estará a assaltar, neste momento, a mente de quem lê esta crónica.

Alguém tem alguma sugestão?
Gostava de saber qual foi o primeiro significado que os leitores deram às “duas”…

Crónica de Laura Paiva
O mundo por estes olhos