Editorial 1/2012

Entramos definitivamente em 2012. De resto o ano sobejamente classificado como: O ano da crise. E é neste momento que vamos sentir com mais intensidade as medidas de austeridade, com o aumento de impostos.
Eu compreendo que haja uma divida a pagar, critiquem-me mas entendo a necessidade de a pagar. Compreendo por isso as medidas de austeridade.
Entendo por medidas de austeridade, medidas extraordinárias. Tomadas por um determinado período do tempo, neste momento com o objectivo especifico de repor uma economia minimamente estável ao nosso país. Dito isto, entendo que o governo tem neste momento a obrigação de cumprir os objectivos que se propôs. E quando o objectivo estiver cumprido não deve incorrer no erro de tornar o extraordinário em ordinário, e tem o dever de minimizar os sacrifícios dos portugueses. Logicamente ao fazê-lo tem ainda a obrigação de se certificar que o nosso país não volta à incorrer nos mesmos erros.

Compreendo assim a minha obrigação de pagar 23% de IVA por um café. Mas não em prol de alguém. Quero com isto dizer que me recuso a dar mais 10% a ganhar a alguém que não paga os impostos.
Toda a gente está a sentir na pele, com forte intensidade o peso da crise, mas não deve deixar passar ao lado estas situações. Temos a obrigação sempre de pedir factura sobre as nossas compras, se estamos a fazer um sacrifício temos no mínimo a obrigação  de nos certificarmos que esse sacrifício é cumprido.

Nos últimos dias temos assistido a um nítido ataque à empresa Jerónimo Martins. Independemente dos motivos, e que de resto não é nada inédito a grandes empresas portuguesas, quando vou ao Pingo Doce recebo uma factura pelas minhas compras. Todos defendemos o comércio tradicional, mas verdade seja dita: quantas vezes recebemos uma factura nesse local? Pior ainda quantas vezes é que nós próprios nos dignamos a pedir uma factura?

Editorial por Filipe Vilarinho