Então, Coelho? – João Cerveira

Acho curioso que, na legislatura anterior, os sociais democratas tenham criticado os socialistas, nomeadamente Sócrates, de mentir ao país, não cumprindo o que tinha anunciado nas eleições e de ter anunciado o fim da crise. Isto porque Passos Coelho garantiu, na Festa do Pontal – que deveria ter passado a chamar-se Festa do Aquashow, pois passou para lá – que 2013 iria ser já um ano de retoma e de crescimento.

Pior ainda é que ele está sempre a contradizer-se. Mal ganhou as eleições, prometeu que não se iria queixar da “herança” deixada pelos socialistas. Pois bem, mas não tem feito outra coisa. Quando é atacado – algo normal na vida politica – não se escusa a falar na dita herança, como havia prometido. Mais: Passos foi o primeiro a dizer que, devido à crise económica mundial – que sempre negou existir antes de ser Primeiro Ministro – não iria fazer futurologia em relação, por exemplo, à forma de devolução dos subsídios e 13º mês cortados já a partir deste ano. Então e arrisca dizer que vai haver crescimento no próximo ano? Não será isso também futurologia? Nem o seu próprio ministro da Economia – o tal que gosta de ser tratado só por Álvaro – concorda com ele ou, pelo menos, arrisca dizê-lo.

Outra nota que importa salientar é que o Governo negociou com a Igreja a suspensão – vou repetir propositadamente, a suspensão – de alguns feriados religiosos por um período de 5 anos. No entanto, na nova legislação laboral, refere-se a extinção – vou repetir novamente e propositadamente, a extinção – dos referidos feriados. Quer fazer novamente futurologia, Sr Primeiro Ministro? Que vai acontecer daqui a 5 anos? Vai argumentar que os feriados se extinguiram ou vai mudar a legislação laboral para os incluir lá de novo?

Há dias um amigo meu, daqueles sociais democratas “ferrenhos”, ao meu comentário sobre a previsão de Passos Coelho para 2013, respondia “Então não queriam pensamento positivo?”
Já nem o ditado “Faz o que eu te digo, não faças o que eu faço” se aplica à maioria que governa o nosso país. Por lá é mais “limita-te a ver o que eu faço e não chateies”.

 



Crónica de João Cerveira
Diz que…