Este país está cheio de chicos espertos! – parte um – Sandra Castro

Este país está cheio de chicos espertos! Pessoas que reivindicam os seus direitos ao Estado e à sociedade, mas contribuírem para o desenvolvimento do país, népias! Isso é que era bom! Quem quiser que trabalhe, eu sou bom de mais para tal coisa!

A conversa da treta é sempre a mesma, ouve-se nas filas da segurança social, paragens de autocarro, finanças, cafés, mercearias, enfim… já não há pachorra para este tipo de conversas.

Miúdas de 20 anos com dois filhos e gravidas do terceiro, miúdas de 20 anos desempregadas, companheiros presos por furtos e trafico de droga, pessoas com uma dor no braço e outra dor no pé, pessoas alérgicas ao trabalho, todo este povinho a viver às custas do R.S.I (Rendimento Social de Inserção), medida implementada há onze anos pelo governo socialista de António Guterres que tinha como objectivo apoiar famílias precárias por tempo limitado, até se tornar nesta palhaçada a que todos assistimos diariamente.

Aí do Estado se tira o RSI, aí do Estado se muda o escalão do abono de família, aí do Estado se não dá uma casita da Câmara, aí do Estado se deixa de pagar a agua e a luz, aí do Estado se deixa de financiar as escolas e as creches dos filhos, aí do Estado se lhes arranja trabalho…pois. Lá vão eles para a Segurança Social reivindicar os seus direitos. E os deveres, meus caros? Os outros que fazem pela vida que os cumpram, não é?

É que os vícios, os cafezinhos e o tabaco não podem faltar na família portuguesa com certeza! Os putos mal-amanhados, desnutridos, ficam todo o dia enfiados nas escolas e nas creches (quem quiser que os ature que educar dá muito trabalho), para que os pais possam andar todo o dia a procurar emprego nos cafés do costume e nas casas das vizinhas que têm o mesmo tipo de vida.

Não têm dinheiro para alimentar a família, mas têm dinheiro para computadores, Internet, TV cabo e telemóveis todos catitas. Facebook é obrigatório, mas redigir um texto no computador já se torna complicado.

Eu, que sou uma simples profissional do comércio e que desconto todos os meses uma quantia simbólica para o Estado, mas essa quantia serve para pagar a falta de vergonha e carácter de muitos portugueses, arrisco-me a dar um conselho. Porque é que não fazem formação? Ou voluntariado? Pelo menos, leiam um livro ou até um jornal. Criem tertúlias mas de conversas interessantes e geradoras de incentivo, porque não?

Eu não quero ferir susceptibilidades com esta crónica, não quero soar a arrogante nem a estúpida, eu escrevi de um modo geral, com base naquilo que vejo, oiço e leio. Claro que há excepções, casos em que o RSI é bem aplicado, mas o bem aplicado devia ser em todas as situações.

E finalizo com uma salva de palmas para os chicos espertos que vivem neste nosso país à beira-mar! São merecidas estas palmas! Porque não são pessoas inteligentes, mas esperteza não lhes falta!

Crónica de Sandra Castro
Ashram Portuense