**estreia” Escrita, o colunista e más apresentações – Viriato Queiroga

Solitário.

É esta a sensação ondeando o copo de whisky, ao longo de um penoso dia de verão, que pouco jus fazia à própria estação. É esta a sensação dos que por si intentam algo mais do que uma simples sensação de uma palavra, dos que sentem a necessidade intrínseca de se manifestarem mediante esse processo tão glorificado que é a escrita.

O desespero desta personagem (criada para o vosso mero entretenimento, caro leitor) consiste em simplesmente não ser capaz de transmitir as suas sensações de uma forma eficiente, enquanto pulula entre pensamentos pseudo intelectuais. E é nesta comum indagação que começa o processo de escrita.

Primeiro lenta, relutante, pensada, mais tarde, frenética e descerebrada (há que ter em conta a aproximação do prazo limite para publicação!), a datilografia desenrola-se. O tema foi gloriosamente definido previamente, pensa o colunista, com ideias de glória, Pulitzers, fama e dinheiro (embora seja uma forma interessante de tentar pagar os impostos portugueses com fama e capital social) … Enfrentando o aterrorizador pensamento da aproximação do limite de tempo e do afastamento rápido e progressivo da sua extraordinária ideia.

É necessário um pensamento chave para o texto. De seguida, o desenvolvimento de um raciocínio coerente (algo de extrema raridade, devo acrescentar!). Uma frase marcante, um lugar-comum capaz de marcar o senhor/a leitor/a, e faze-lo pensar, na esperança de o colocar na pele do escritor, aplicando os ensinamentos, quase ideológicos, à sua vida (para fazer com que o escritor se sinta útil… Nunca se esqueça que ele também tem um frágil ego que necessita de ser alimentado).

Por fim, concluir, de preferência com fantásticas realizações acerca das múltiplas experiências evocadas ao longo de um texto que se provou árduo.

Como muitos, este é processo da construção existente ao longo de todo um projeto. Não se pretende mudar o Mundo, o país, a economia ou até, o próprio leitor. A escrita é realizada de forma a propagar algumas ideias. Ideias essas, que detém, em si, a força de uma epifania estilo Dr. House, que tentam transmitir pouco mais que um mero suspiro, como que afirmando:

“Este é o meu pensamento, o meu contributo, a minha prenda para todos aqueles que me rodeiam e tem a coragem de me ler. Tomem a vossa opção.”

E num momento, por muito curto que ele pareça, o Mundo pára, para aqueles que com estas questões se importam, sentindo-se um pouco mais perto do que o que quer que julguem ser o seu maior ideal.

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