**Estreia** Geriatria…Gerontologia – Aida Fernandes

A Terceira idade é um período que todos aqueles que não morrerem prematuramente, terão de vivenciá-la, por quanto tempo não sabemos.
Todos os que convivem com estes seres, quer sejam crianças, jovens ou adultos, podem usufruir da sua presença, pois ele completa o arco da existência humana e revela aos demais uma faceta especifica do sentido da vida.
Eu escrevo para dizer o que penso, porque assim não obrigo ninguém a escutar, a pessoa lê se tiver vontade.
Há quem diga que as minhas palavras têm cor, emoção e magia, eu acho simplesmente que desenho letras que formam palavras, sentidas e vividas, sou uma amadora nesta área. Quando a semana passada fiz a minha estreia na revista escolhi o tema que me pareceu o mais apropriado para falar com a voz do coração, esse sim tem tanta coisa para falar, nem sei onde por começar, falar de um sentimento é como explicar o vento.
Abordei o sofrimento e a velhice num contexto geral, deixando assim a minha visão perante esta fase da vida e o meu sentimento, gostaria agora de ir aprofundando com casos mais específicos a experiencia e o meu gosto pela geriatria, a mesma que engloba um conjunto de capacidades e competências que devemos possuir para prestar cuidados de apoio direto aos idosos, seja num contexto institucional seja no seio da família, em que devemos zelar pelo bem estar físico, psicológico e social.
Cuidar de alguém dependente ou independente deverá, antes de tudo, ser considerado um ato de humildade, respeito e responsabilidade.
Se a humildade e o respeito pelo outro são, essencialmente, atributo do saber estar e do saber ser, já a responsabilidade implica saber e saber fazer.
A prestação de cuidados a pessoas, não pode ser limitada a simples atos técnicos, uma vez que nestes cuidados, que tecnicamente têm de ser excelentes, existem sempre emoções e sentimentos que devem ser compreendidos, aceites e respeitados, é aqui que devemos utilizar o (saber-saber, saber-estar, ser).
No envelhecimento a memória vai diminuindo, tanto no individuo saudável como nos indivíduos com doença. No entanto esse declínio não é igual para todos.
A demência pode manifestar-se por problemas de memória e á medida que a doença progride, por dificuldade em desempenhar as tarefas mais simples, como utilizar utensílios domésticos, vestir-se, cuidar da sua higiene ou mesmo alimentar-se. Estas modificações comprometem, progressivamente, a vida social, a afectividade, a personalidade e a conduta do idoso.
Falo na demência em específico porque pela minha experiência profissional tenho verificado que uma das causas porque tantas famílias são obrigadas a meter o seu familiar numa instituição é este tipo de situação. Estes doentes obedecem a uma estimulação cognitiva, a um treino de memória e exercícios de orientação para a realidade, em que os cuidadores se tornam parte indispensável no seu dia a dia.
Para além das alterações físicas do envelhecimento, as alterações de natureza psicossocial deixam marcas mais ou menos significativas, é nossa missão tentar que essas alterações aconteçam da forma mais correta possível e enquadrada a cada ser.
Cuidar, prestar cuidados, tomar conta, é, primeiro que tudo, um acto de vida.
Cuidar de alguém não é só tratar. Cuidar é prevenir, socorrer e estar presente, assim torna-se uma actividade muito gratificante e enriquecedora. A geriatria e gerontologia é algo que devemos preservar.
Estudar o envelhecimento em si é algo que eu descobri de uma forma muito positiva, quando iniciamos esta actividade estamos muito longe do processo abrangente desta área, ela é sem dúvida, interessante, motivadora, desgastante em termos físicos e psicológicos mas compensatória na vertente humana.
Existem muitas doenças comuns á terceira idade sendo que as mais notáveis, como a Demência, o Parkinson e o Alzheimer são aquelas que nos permitem diariamente ir construindo uma história de vida.
Se queremos fazer parte desta história, devemos lembrar que o nosso amor, dedicação, ternura e atenção vão colorir a história deles e a nossa, e mais ainda, se estivermos atentos a toda esta realidade e envolvência, não só contribuímos para um futuro melhor dos idosos como nos enriquecemos a nós mesmos, perspectivando o nosso envelhecimento de outra forma.

Agora se me permitem vou partilhar uma mensagem de uma “idosa “que apesar dos seus 95 anos, na Véspera de Natal, referiu estas palavras com os olhos cheios de lágrimas…”o meu coração está ferido, eu sei que não vou a casa consoar com a minha família, eles acham que não conseguem tratar de mim por umas horas, resta-me o vosso carinho e amor…”
Deixo-vos a pensar!…o que terá acontecido depois, no dia de Natal e em tantos outros dias! Espero ainda com estas minhas simples palavras ter revolucionado os vossos sentidos!

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A última Etapa