A Terceira idade é um período que todos aqueles que não morrerem prematuramente, terão de vivenciá-la, por quanto tempo não sabemos.
Todos os que convivem com estes seres, quer sejam crianças, jovens ou adultos, podem usufruir da sua presença, pois ele completa o arco da existência humana e revela aos demais uma faceta especifica do sentido da vida.
Eu escrevo para dizer o que penso, porque assim não obrigo ninguém a escutar, a pessoa lê se tiver vontade.
Há quem diga que as minhas palavras têm cor, emoção e magia, eu acho simplesmente que desenho letras que formam palavras, sentidas e vividas, sou uma amadora nesta área. Quando a semana passada fiz a minha estreia na revista escolhi o tema que me pareceu o mais apropriado para falar com a voz do coração, esse sim tem tanta coisa para falar, nem sei onde por começar, falar de um sentimento é como explicar o vento.
Abordei o sofrimento e a velhice num contexto geral, deixando assim a minha visão perante esta fase da vida e o meu sentimento, gostaria agora de ir aprofundando com casos mais específicos a experiencia e o meu gosto pela geriatria, a mesma que engloba um conjunto de capacidades e competências que devemos possuir para prestar cuidados de apoio direto aos idosos, seja num contexto institucional seja no seio da família, em que devemos zelar pelo bem estar físico, psicológico e social.
Cuidar de alguém dependente ou independente deverá, antes de tudo, ser considerado um ato de humildade, respeito e responsabilidade.
Se a humildade e o respeito pelo outro são, essencialmente, atributo do saber estar e do saber ser, já a responsabilidade implica saber e saber fazer.
A prestação de cuidados a pessoas, não pode ser limitada a simples atos técnicos, uma vez que nestes cuidados, que tecnicamente têm de ser excelentes, existem sempre emoções e sentimentos que devem ser compreendidos, aceites e respeitados, é aqui que devemos utilizar o (saber-saber, saber-estar, ser).
No envelhecimento a memória vai diminuindo, tanto no individuo saudável como nos indivíduos com doença. No entanto esse declínio não é igual para todos.
A demência pode manifestar-se por problemas de memória e á medida que a doença progride, por dificuldade em desempenhar as tarefas mais simples, como utilizar utensílios domésticos, vestir-se, cuidar da sua higiene ou mesmo alimentar-se. Estas modificações comprometem, progressivamente, a vida social, a afectividade, a personalidade e a conduta do idoso.
Falo na demência em específico porque pela minha experiência profissional tenho verificado que uma das causas porque tantas famílias são obrigadas a meter o seu familiar numa instituição é este tipo de situação. Estes doentes obedecem a uma estimulação cognitiva, a um treino de memória e exercícios de orientação para a realidade, em que os cuidadores se tornam parte indispensável no seu dia a dia.
Para além das alterações físicas do envelhecimento, as alterações de natureza psicossocial deixam marcas mais ou menos significativas, é nossa missão tentar que essas alterações aconteçam da forma mais correta possível e enquadrada a cada ser.
Cuidar, prestar cuidados, tomar conta, é, primeiro que tudo, um acto de vida.
Cuidar de alguém não é só tratar. Cuidar é prevenir, socorrer e estar presente, assim torna-se uma actividade muito gratificante e enriquecedora. A geriatria e gerontologia é algo que devemos preservar.
Estudar o envelhecimento em si é algo que eu descobri de uma forma muito positiva, quando iniciamos esta actividade estamos muito longe do processo abrangente desta área, ela é sem dúvida, interessante, motivadora, desgastante em termos físicos e psicológicos mas compensatória na vertente humana.
Existem muitas doenças comuns á terceira idade sendo que as mais notáveis, como a Demência, o Parkinson e o Alzheimer são aquelas que nos permitem diariamente ir construindo uma história de vida.
Se queremos fazer parte desta história, devemos lembrar que o nosso amor, dedicação, ternura e atenção vão colorir a história deles e a nossa, e mais ainda, se estivermos atentos a toda esta realidade e envolvência, não só contribuímos para um futuro melhor dos idosos como nos enriquecemos a nós mesmos, perspectivando o nosso envelhecimento de outra forma.
Agora se me permitem vou partilhar uma mensagem de uma “idosa “que apesar dos seus 95 anos, na Véspera de Natal, referiu estas palavras com os olhos cheios de lágrimas…”o meu coração está ferido, eu sei que não vou a casa consoar com a minha família, eles acham que não conseguem tratar de mim por umas horas, resta-me o vosso carinho e amor…”
Deixo-vos a pensar!…o que terá acontecido depois, no dia de Natal e em tantos outros dias! Espero ainda com estas minhas simples palavras ter revolucionado os vossos sentidos!
Crónica de Aida Fernandes
A última Etapa
Muitos parabéns, minha amiga!
Fantástica crónica de estreia, como residente!
A primeira de muitas, assim o espero…
Espero que esteja feliz e com muita garra para continuar a partilhar connosco a sua vivência de todos os dias.
Bem haja pelo bem que pratica.
Beijinhos
Laura
Boa Noite Laura, a primeira de muitas…vou tentar que seja uma partilhe interessante baseada na realidade desta etapa.
Obrigada pelo apoio, beijinhos
Mais uma crónica mais uma vez muitos PARABÉNS.
Está fantástica, continue.
Beijinhos.
Obrigada Sofia pelo elogio, vou continuar sim!!!todas as quartas teresmos aqui a minha mensagem para voces comentarem e darem a vossa opiniao.
Bejinhos!
Tou com lagrimas nos olhos, nao consigo ficar indiferente ao tema dos velhinhos, e chorei ao ler que a velhinha nao ia consoar com a familia dela. Isto nao se faz a ninguem. Temos que dar carinho para o receber, em que mundo nos estamos minha nossa, e infelizmente isto nao acontce so com esta velhinha amorosa, mas com muitos velhinhos.
Tu sabes que isto mexe comigo, gosto e respeito demais a velhice para nao ficar triste com situacoes assim.parabens maria aida, continua amiga
Bela, as minhas cronicas não são para deixar ninguém a chorar, mas sim para refletirmos um pouco sobre esta realidade,claro que quero revolucionar os vossos sentidos…mas…de uma forma positiva!
Se todos partilharmos estas experiências, tenho a certeza que contribuimos para uma grande autoconfiança quando nos depararmos com estas situaçoes com aqueles que nos são queridos ou simplesmente com aqueles que necessitam.
obrigada pelo apoio amiga, beijinhos(quando formos velhinhas, se ninguem nos levar a consoar, eu faço as batatas e uma daquelas sobremesas boas…tipo aletria, sopas secas ou ainda tronco de natal…hehehe)
Mas chorar nao e mau, faz bem a alma, e sabes que estas coisas a mim deixam-me assim, e pela parte que me toca ja fiz muito a quem tinha que fazer, e ainda bem que fiz, fez-me bem.nao sei se me irao fazer a mim o que ja fiz a outros, acho que sim, mas a falta disso esperemos que tenha gente como tu onde eu estiver nessa altura.gente com coracao
Bela, a quem tu o dizes, eu sei muito bem o quanto amas esta área, aliás só podias…senao como aturavas tantas das minhas conversas(…peras, peras, peras,…não há toalhas ca..lho!!!e tantas outras), temos partilhando tanta coisa neste sentido e porquê? porque tens também uma grande experiencia vivida e de uma forma muito direta!
Temos ideias em comum e gostamos de as partilhar, só assim vamos aprendendo e encarando esta etapa com a maior serenidade possivel, bj
Que posso dizer… PARABÉNS!!
Gostei da forma como descreveste a ultima etapa da vida porque são pessoas como tu, que devem zelar pelo bem estar dos nossos velhos(um dia seremos nós); pessoas com sensibilidade e um certo espírito altruísta…
Continua amiga com as tuas palavras.
Beijinhos
Cila, muito obrigada pelas tuas palavras, sou e serei uma pessoa sensivel a esta etapa da vida, continuarei a escrever o que me vai na alma, uma forma de partilha tirada de algumas experiencias que são sem duvida uma mais valia.
Beijinhos!
Aidinha,
Excelente…
A dada altura dizes tu “Eu escrevo para dizer o que penso, porque assim não obrigo ninguém a escutar, a pessoa lê se tiver vontade”, tens toda a razão, só li porque tive vontade e ADOREI o que li.
O teu trabalho e a tua (nossa) vivência particular, faz-te cada dia sem duvida uma pessoa mais humilde, respeitada e responsável.
Obrigada por partilhares connosco as tuas vivências enriquecedoras para todos nós.
Parabéns muito bem escrito e emotivo!
Quarta cá estarei à tua espera!
Fernanda Fernandes…Nandinha!!!Excelente é a tua mensagem…palavras para quê!!!Adorei mesmo, quero continuar a partilhar e continuar com a tua opinião e com o teu enriquecimento, sabes bem que esta é a essência deste trabalho, fazer com que estas partilhas cheguem a todos e em especial aqueles que valorizam, aqueles que procuram e têm vontade de as ler. Como irmã e como amiga tenho muito orgulho nisso. Beijinhos
Aida, gostei mas ao que te conheço aqui vai uma critica – solta-te amiga, tens que te soltar. Falo assim pelas conversas que temos, sinto que tens que abrir mais o coração, gosto do que escreveste mas estou a espera de mais, por isso, espero pela nova cronica. Quanto a esta gostei da abordagem que fizeste, mas pensando bem nos estamos, falo pessoalmente, na terceira idade porque lidamos e vivemos com ela diariamente, embora não tenhamos idade para pertencermos a tal. Lidar com a terceira idade não é fácil, como não é fácil lidar com as crianças, nem o nosso dia-a-dia é facil. Mas como cuidadora, sei que tenho que aprender ainda muito e vou aprendendo lidando com a terceira idade, com feitios e maneiras de ser e estar. É uma aprendizagem diária pois o idoso que ontem nos acarinhou, hoje sendo contrariado a sua opinião muda em relaçao a nos e temos que saber lidar com isso e cativar as vezes um carinho. Lidar com um idoso, sem doenças é uma coisa com doenças o assunto é outro. Principalmente sendo de foro psicológico, uma luta diária para eles e para nos, quanto cuidadoras e quanto familia.
P.S – Um sorriso fala mais do que as palavras, as palavras o vento leva. Diz o ditado, um gesto, um olhar fica sempre no coração de quem recebe.
Paulina, com um certo atraso mas já falamos pessoalmente sobre a tua critica, quero no entanto dizer-te que ainda vou muito a tempo de me soltar…este tema dá muito que falar em especifico, comecei no entanto por um global, quem não está nesta área deve ver as coisas sob outra perspetiva, e tento chegar a todos.
beijinhos
Parabéns, Aida!
Mais uma boa crónica… no entanto, mais “contida” e “pesarosa”.
Força! Fico a aguardar a próxima na expetativa de vislumbrar um pouco do teu “humor” para aligeirar o assunto.
Beijinho
Mãe Cila, este tema é por si muito abrangente,claro que tenho muito para aligeirar, mas optei por começar pelo “pesaroso”, também faz bem.
Beijinhos