FÉRIAS…Malditas Férias ou Benditas Férias!

Algures nos últimos tempos ultrapassámos os limites da nossa capacidade de lidarmos com tanta informação e tantos estímulos sensoriais. Por causa disso, sofremos de problemas como o stress, a ansiedade, a angústia, os medos, as incertezas, as dúvidas e os desequilíbrios decorrentes do inevitável “choque do futuro”.

Já não temos paciência para mais nada, precisamos de umas férias, longe de tudo e de todos. E agora? O que vou fazer com os meus pais? Eles não querem ir para lado nenhum, mas também se quisessem não iam ser férias! Será que eles vão entender, se não os levarmos! Será que vão criticar! Será que vão aceitar ficarem ao cuidado de outros…

E aqui reside o problema, queremos tempo para nós, somos aliciados com viagens de sonho, precisamos de férias mas também precisamos de quem cuide dos nossos pais…os mesmos que estão ao nosso cargo o ano inteiro! Até então tudo normal afinal cada um é livre de escolher como quer viver a época que por excelência nos é concedida todos os anos, para podermos usufruir de momentos de puro lazer.

Cuidar de idosos um ano inteiro é uma tarefa que merece ser contemplada com algum rigor, quando de férias se tratam. Pois bem, é assim que começa a experiência de muitos idosos numa Instituição… irem passar umas férias para os filhos puderem ir de férias! Qual terá sido o resultado até hoje vivenciado, mais caricato, mais divertido ou mais marcante! São vários! Vou apenas citar alguns que mereceram da minha parte não só um grande registo como uma experiência a este nível, como também uma grande partilha de momentos mais parecendo uma novela que uma situação real.

São 7h30 da manha, estou prestes a iniciar as primeiras tarefas de ordem básica de higiene, será necessário começar por alguém e vou mesmo começar pelo utente que chegou de novo…acho de boa ética e profissionalismo acolher, cuidar e incentivar quem ainda não conhece os cantos á casa, muito menos todas as regras, muito menos ainda, não estando num hotel como pensariam, terão quem lhes preste todos os cuidados necessários.

Bom dia….Dizia eu, dormiu bem? Espero bem que sim! Agora, vai-se levantar, efectuar as suas necessidades de higiene e depois tomar o pequeno almoço, pode ser?- O utente olhou para mim, como se de uma coisa nova se tratasse! Realmente era tudo novo, nunca me tinha visto, o que teria pensado ele…mais uma sem paciência para me aturar! Ou apenas mais uma para me ajudar! É aqui que começa uma primeira imagem, tanto para o utente, como para nós. É muito importante a forma como somos recebidos, quer seja para passar uma férias quer seja em residentes efectivos, o nosso primeiro impacto é marcante, a nossa ajuda é fundamental para que eles se sintam na sua própria casa e não num hotel como supostamente muitos pensam encontrar.

Se o utente está lúcido a nossa tarefa é dificultada pela tristeza que eles sentem, teremos que dar muito de nós, para superar a falta da família. Se o utente já possui um grau de demência ou incapacidade, a exigência torna-se diferente á medida que os dias vão passando. Como todos sabemos os períodos de demência tem comportamentos que nos levam a episódios que jamais teriam fim em termos de situações cómicas, dramáticas e deprimentes.

Estar numa casa, a pensar que estamos a passar férias num hotel, para um utente com demência, é o que vos falarei nas cronicas seguintes, quero no entanto a vossa opinião, no sentido de obter uma ideia do conceito de …Ir de férias e deixar ficar os que estão a nosso cargo, o que fazer? Como Agir? Com a verdade ou ao engano?

Aqui fica um desafio para a reentre das minhas cronicas, aqui fica o primeiro episódio de uma novela baseada em fatos reais.

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Crónica de Aida Fernandes
A última Etapa