Finalizando (a problemática do vilão) – Francisco Duarte

Sim, sim! Eu posso fazê-lo! Vou corrigir o relógio da minha vida!

Nox, personagem da série “Wakfu”

Esta semana tenho um importante anúncio a fazer.

Este será o meu derradeiro post no Mais Opinião, pelo menos para já. Não é que eu vá desaparecer da Internet, muito pelo contrário. Mas fui convidado por Filipe Vilarinho, quem me convidou em primeiro lugar para participar neste fenomenal projecto, para me juntar ao PT Jornal. É uma arena maior do que o Mais Opinião, admito, e que irá exigir mais de mim. Por isso mesmo achei que não me faria mal aceitar a proposta e levar as minhas ambições na divulgação científica a um novo nível.

Mas irá custar-me deixar este espaço. Cresci muito aqui, conheci gente fantástica e aprendi com eles muitas mais do que esperaria. Cheguei mesmo a considerar manter a minha participação aqui em paralelo com o meu novo espaço, mas tal não será possível devido às minhas obrigações profissionais. Ainda assim, continuarei, evidentemente, a visitar o Mais Opinião e a seguir os meus cronistas preferidos.

Foi uma viagem divertida e amei cada segundo.

A todos aqueles que me ajudaram e seguiram… muito obrigado por tudo!

Finalizar um velho tema

Mas não me apetece partir sem antes fazer algumas considerações acerca de um dos meus temas de estimação. A problemática do vilão é algo que me fascina. Afinal, o mau da fita é sempre um dos pontos mais importantes de qualquer história que contenha um. Os bons vilões normalmente são carismáticos, intimidantes, quiçá tão capazes e fortes como os heróis, mas do outro lado da dualidade ying-yang dos mesmos.

E é por isso que acho que mesmo numa série para jovens um vilão bem construído pode ser das coisas mais impressionantes e inesquecíveis da história. Por ter este fascínio e consideração pelo tema, eu falei há uns meses do problema que foi para mim a revelação final da natureza do vilão de “The Legend of Korra”. O que parecia um vilão com alguma razão e capaz de virar aquele mundo de fantasia de pernas para o ar revelou-se uma mentira.

Mas ficou-me a impressão de que um vilão do género que Amon parecia ser, se fosse bem trabalhado, seria de facto algo formidável no que diz respeito ao contar de histórias. Heis que recentemente me pus a ver duas outras séries de animação: “Young Justice” e “Wakfu”. Ambas formidáveis, embora a primeira seja bem mais séria e madura que a segunda. Mas têm algo em comum: excelentes vilões.

Em “Young Justice” o caminho que a Luz está seguir parece realmente imprevisível. Honestamente, faltam dois episódios para o fim e continuo sem saber o que poderá vir a acontecer. É um feito, mas visto que ainda me posso desiludir vou-me abster de falar dela.

Mas a primeira época do “Wakfu” já terminou e posso tirar as minhas conclusões.
Todos saúdem Nox!

“Wakfu” é uma série francesa grandemente inspirada no anime japonês. Segue a história de um bando de jovens (e um idoso) que procuram a família verdadeira do protagonista. Pelo meio têm aventuras bem cómicas e encontros, bem mais sérios, com Nox, o feiticeiro do tempo.

Nox é um personagem formidável. Desde os primeiros episódios que se torna bem evidente que ele é uma sombra de escuridão contra o mundo colorido e repleto de comédia em que decorrem estas aventuras. Tem um passado realmente trágico e uma motivação fortíssima para as suas acções que se mantém até ao final.

E é essa a magia do que foi aqui feito que contrasta com o final de Amon, e que de certo modo espelha o que eu esperava desse outro vilão. O fim da história de Nox é realmente triste, de levar às lágrimas até. Sem querer revelar muito, é possível que ele até tivesse razão, e isso torna tudo ainda mais trágico.

Não é à toa que Nox é um dos personagens mais populares da série e decididamente um dos melhores vilões que a televisão já viu nos últimos anos. Humano o suficiente para querermos saber como acaba a sua odisseia pessoal e implacável o suficiente para funcionar como vilão. É assim que se faz!

E assim me despeço deste espaço.

Obrigado por todo o apoio, meus amigos.

Vemo-nos do outro lado!

Crónica de Francisco Duarte
O Antropólogo Curioso