Fora do pote – Maria João Costa

Como é segunda-feira e metade da população portuguesa ainda não se deu ao trabalho de ler o jornal hoje, eu vou adiantar a notícia do dia. Não, isso do aumento dos combustíveis já não é notícia para ninguém; nem sei porque é que que se dão ao trabalho de noticiar que o gasóleo desceu um cêntimo se na semana seguinte aumenta dois, mas isso agora não interessa nada. O Duarte fez xixi no pote, isso sim, é notícia. Sim, porque aquilo do Relvas e da Lusófona já cheira mal.

Já percebemos que agora todos querem equivalências, que o Jardim já quer ser veterinário, biólogo, informático e astrónomo; que o Gaspar daqui a pouco vai pedir equivalência a “estética, capítulo 2: como remover olheiras”, e eu vou aproveitar e peço equivalência a para o curso de “desempregado”, já tenho alguma experiencia.
Mas tudo o que é em exagero perde o interesse. Ou pelo menos deveria de perder. Sim, eu sei, este caso põe em causa a educação em Portugal; que é mais um motivo para relembrar que vivemos num país onde já não há D. Sebastião que nos possa “salvar”; e que o que o “povo” gosta é de um bom tema de conversa para dizer mal, mas o que não faltam são assuntos para dizer mal. Podemos mudar o disco, por favor?

Lembrei-me agora, de repente, que podíamos dizer mal desses que arranjam “potes” em todos os cantos e recantos (o tacho já passou de moda); esses, que por mais vezes que façam “xixi fora do pote”, por mais vezes que contribuam para o aumento do índice de pobreza, ninguém fica interessado em encher capas dos jornais com eles. Lembrei-me que podia ser um bom tema para dizer mal, pelo menos este interfere com os bolsos de cada português. Mas se calhar já estou a dizer o que não devia, fora do “pote”.

Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!