Fotografias – Bruno Neves

Esta semana proponho que falemos de fotografia. Mais concretamente da evolução da fotografia e do modo como acedemos às fotografias. Nem todos gostam de tirar fotografias, mas quase que aposto que todos gostam de as ver. Pode não gostar de se ver nelas, mas isso já é diferente. Não lhe agrada o tema? Leia lá a crónica que vai ver que muda de opinião, num instante!

Eu ainda sou do tempo em que tirar fotografias era algo que apenas acontecia em alturas muito especiais. As máquinas eram grandes e pesadas e os ecrãs LED eram dignos de filmes de ficção científica. Sim petizada, as máquinas fotográficas nem sempre foram assim! E digo-vos mais: dantes tinham rolos! Isso mesmo, rolos!

Aliás dantes essa era uma das grandes dificuldades: colocar o rolo na máquina fotográfica da forma correcta! É que agora, basta puxar da maquineta, carregar no “on” e tirar uma quantidade insana de fotos. Anteriormente, era necessário proceder à colocação do rolo. Tarefa ingrata e bem mais difícil do que aparenta, porque bastava o rolo estar mal colocado para toda a máquina deixar de funcionar, e em muitos dos casos ficava o próprio rolo estragado. Era literalmente dinheiro deitado à rua. Hoje qualquer cartão de memória nos possibilita tirar milhares de fotografias, contudo dantes os rolos eram muito limitados e era necessário ser criterioso sob pena de desaproveitarmos todo um rolo!

E não tínhamos zoom. O nosso zoom era mexermo-nos e chegarmo-nos mais perto ou mais longe do que quiséssemos fotografar! Era um autêntico incentivo ao exercício físico! Quanta vez não era necessário andar autênticas maratonas para tirar apenas uma fotografia. E não é que eu emagreci bastante por causa disso? Pronto, está bem eu confesso: não fiquei nada mais magro, mas fiquei cansado!

E não tínhamos efeitos especiais para colocar as fotos a preto e branco, nem podíamos retirar os olhos vermelhos! E havia algo mais chato do que os olhos vermelhos? Era algo que tornava qualquer um de nós um autêntico Drácula. Podia ter a sua piada, mas estragava uma boa foto. Tirar boas fotografias era uma autêntica arte! Agora é que qualquer badameco tira excelentes retractos.



Algo que não mudou foi o dedo no flash. Se não reconheceu esta expressão é porque nunca tirou fotografias. É o maior flagelo dos fotógrafos amadores! Está tudo perfeito: cada um no seu lugar, o enquadramento está feito e nós estamos à distância correcta. Contudo, colocamos indevidamente o dedo no flash e estragamos aquilo que podia ter sido a fotografia das nossas vidas. As máquinas evoluíram e em nada se comparam ao que eram, menos neste aspecto. Aqui nada mudou, e os mais desastrados e distraídos continuam a ter sérias dificuldades em tirar fotografias a outras coisas que não o seu próprio dedo.

Hoje tudo é imediato. Basta tirar a foto, retirar o cartão de memória e coloca-lo num computador para facilmente ver as fotos em causa, imprimi-las ou mesmo enviá-las por correio electrónico para qualquer parte do mundo. Dantes era necessário levar os rolos ao fotógrafo e esperar autênticas eternidades até termos nas nossas mãos as fotografias. Era um desespero!

Se há dez anos atrás me tivessem dito que o futuro era isto eu não tinha acreditado. Se tudo isto é já hoje de bradar aos céus, como será o futuro? Que engenhocas serão inventadas daqui a dez anos? Pois, eu também não sei. Mas aposto que ainda vamos gostar de tirar fotografias.

Boa Semana. Boas leituras e tirem muitas fotografias!

Crónica de Bruno Neves
Desnecessariamente Complicado
Visite o blog do autor: aqui