Hoje adversários, amanhã grandes amigos? – João Cerveira

Acho e sempre achei um pouco estúpido o cinismo do “hoje somos adversários mas amanhã, depois das eleições, somos todos amigos”. Lembrei-me disso a respeito das eleições do Sport Lisboa e Benfica mas não é, de todo, caso único. Acontece em todos.

Diziam alguns “hoje somos adversários, mas depois das eleições somos todos benfiquistas”. Ok, não coloco em causa o nível de “benfiquismo” de ninguém. E quem diz “benfiquismo”, diz “sportinguismo”, “portismo”, etc, etc. Mas, quando oiço o presidente eleito dizer que espera que o candidato vencido se dirija a ele na próxima semana e lhe explique que ideias tinha para ganhar o campeonato, acho um pouco demais.

Senão, imaginemos este cenário: um candidato diz que tem a fórmula para o sucesso, mas não consegue convencer os eleitores disso. Perde as eleições, mas partilha com o seu (até ali) adversário, vencedor das eleições, as ideias que tinha. Mesmo que o eleito diga ao vencido que não vai colocar em prática as ideias dele, o que o impede de mais tarde repensar e usá-las mesmo? E se elas derem certo? Alguém se vai lembrar – melhor, alguém vai reconhecer – que eram ideias do candidato vencido? Creio que a maioria vão pensar “ainda bem que votamos neste”.

Mais uma vez digo que não ponho em causa o nível de  clubismo de ninguém mas, atendendo ao carácter egoístico geral (se assim se pode chamar) do Homem,  será que algum candidato vencido entrega, de “mão beijada” as ideias que tinha ao vencedor? Até hoje não me recordo de alguma vez ter acontecido, por muito amor que tenham ao clube a que se candidataram. Veremos.

 

Crónica de João Cerveira

Diz que…