Ida ao shopping ou (desc)ida ao inferno? – Sandra Castro

O vosso passatempo preferido é passear no shopping? O vosso tempo livre é passado a ver as montras das lojas? Pois…belo entretenimento! Eu não sei aonde tenho a cabeça quando resolvo passar uma tarde de domingo com os fedelhos no shopping. Acreditem leitores, vou para lá numa boa, com a ilusão de que vou relaxar e aproveitar ao máximo a minha visita, mas a realidade é, quando chego a casa fico com a sensação que levei com um martelo na cabeça e nas costas tal é o cansaço.

E quando o shopping está cheio de snobs, com miúdos vestidos como se fossem a um casamento, pais a conter o stress  para não darem uma palmada aos filhos porque parece mal em público, e ainda gajas tão maquilhadas e vestidas duma forma que eu pergunto-me se entrei no edificio errado e estou no circo.

Mas posso vos contar com detalhes sórdidos de como é uma tarde maravilhosa passada com os fedelhos enfiada num shopping.

Mal ponho lá os pés, a primeira coisa a fazer? Casa-de-banho que os putos estão aflitos para mijar. Chego à casa-de-banho, não posso entrar! Está em manutenção, em limpezas. Apanho o elevador para ir à casa-de-banho do piso acima. Chego lá, está uma fila enorme! F…mas estas gajas passam a vida aqui enfiadas! Aqui não há prioridade para crianças? Podia haver porra!

A seguir sou obrigada a ir às lojas dos brinquedos. Os putos mexem, remexem, brincam, fazem barulhos estranhos, embirram, pedincham e saem da loja de mãos vazias.

A seguir, parque infantil…cheio de chavalada histérica, uns em cima dos outros, e os pais feitos peões, de olhos bem abertos, não vá os putos se entusiasmarem demasiado e pirarem-se do parque.

Ah, os fedelhos já brincaram, devem estar cansados, é a minha vez de ver umas lojas de roupa e tal. – Mãe, tenho fome! -Mãe, tenho sede! Merdahora do lanche! Gasto 5.60 euros no lanche, no comercio tradicional fica a metade do preço e é melhor servido.

Ainda entro numa loja e experimento um vestido lindíssimo que estava na montra a preço de saldo, mas o pará quieto, não mexas em nada, não podes tocar, não fales alto, não berres, não saias da minha beira…!  Desisto!

Os putos estão birrentos, chatos, cansados, nem chego a entrar em mais nenhuma loja, é que nem vale a pena, fico pelas montras e já é bem bom! Agora querem gomas e eu faço-lhes a vontade mais uma vez. Depois pegam-se porque um quer um ursinho de goma e outro quer um morango!Foda-se!

Sim, mando um berro e a multidão fica a olhar. Ah, podem continuar a andar pessoas-bem-comportadas-que-nunca-deram-um-grito-na- vida. Até porque já não é nada a que não esteja habituada!

Para contentamento dos putos, à saída do shopping há uma festa em comemoração de um santo qualquer. Raios…os carrosséis! À custa do santo não sei das quantas gastei dez euros nos carrosséis sem piada nenhuma.

Quando eles estavam a andar nos carrosséis, ainda pensei em dar de frosques dali para fora e deixa-los à sorte do destino, mas se eu cometesse essa maldade (tenho serias duvidas se no meu caso é realmente maldade), as pessoas chamavam a policia, e eu tenho de confessar que,bem…não sei como dizê-lo, tenho uma tara por homens fardados, por isso não seria uma boa ideia!

Quem sabe até fale neste assunto de homens fardados numa próxima crónica…

Crónica de Sandra Castro
Ashram Portuense