Lá na minha terra… – A incoerência musical

“Lá na minha terra…” é um espaço onde irei abordar os temas da actualidade que, de certo modo, me dizem alguma coisa, muitos deles vão ser pelo aspecto de negativo, é certo. As crónicas são escritas por uma principiante neste mundo mas com vontade de dizer e mostrar coisas ao mundo. E a vontade é tanta que hoje fica já aqui a minha primeira crónica, um cheirinho para o que podem encontrar Lá na minha terra…

Lá na minha terra, os Queen são como o Elvis Presley, sinónimo de música admirável e respeitada. Interessante para uns e indiferente a outros. Muitos acreditam que se trata de dons que vieram para ficar, mesmo quando nada de real se mantenha por terra. Vinte anos passaram desde um dos maiores roubos da história da música. Não falo de plágio ou de cópia de indumentária, falo de uma voz roubada para o além notas musicais, tal como aconteceu com o Elvis. A voz física foi-se, a sonoridade permanece nos ouvidos. A essência perdeu-se, mas o mito musical criou-se. Os Queen são Freddie Mercury e ele é o verdadeiro mito musical. Nunca mais ninguém conseguiu ser assim, nunca ninguém sequer ousou a tentar ser assim.

A maioria das pessoas cresce a aprender a gostar de Queen, das músicas complicadas de compreender em tempos. O estilo de Freddie Mercury, ou melhor, de Farrokh Bulsara (sou a favor do Google para este tipo de dúvidas), intrigava-me, para mim os homens não se vestiam assim, não se mexiam assim, não cantavam assim. Os anos passaram e as músicas foram permanecendo nas playlists da dos canais musicais, das rádios mundiais e do meu computador. A playlist cedo passou a discografia completa, o estranho cedo passou a familiar. “It’s a kind a magic”.

Hoje é um astro musical, uma veneração por muitos, mas ainda um mito por outros. “The show must go on”, mas não da maneira agora planeada. Não matem a originalidade da banda, não matem aquilo que Freddie Mercury escreveu. Os Queen sem Freddie Mercury não seriam a mesma coisa, poderiam até ser melhor (não jamais, é apenas uma tentativa de não parecer tão rude), mas não seria os Queen. A banda quer continuar o espectáculo com um novo vocalista, Adam Lambert. Uma ova! Não se pode continuar algo que já não existe mais e nem sempre se pode reproduzir o que já foi produzido. Tudo tem um prazo de validade, e as actuações em palco dos Queen passaram de validade. Mas a sua música jamais passará, e quando falo de música falo daquela já criada e não da que pensam em criar, ou recriar nos estilos musicais dos dias de hoje. O espectáculo deve continuar, sim, mas nos ouvidos daqueles que apreciam a sua música, que continuam a ouvi-la, que continuam a gostar dela, que a mostram aos outros, a fazem crescer. O espectáculo deve continuar nos nossos ouvidos, e não pela voz de um outro cantor. A mim custa-me sentir na música esta sede de sucesso, esta ganância de espectáculos de casa cheia.

Já chega de tentar esticar a corda e fazer sucesso. O tempo dos Queen já passou… passou rápido de mais, é verdade. Eu não se importavam nada de ter mais uns quantos álbuns da banda para descobrir, ou de ver um concerto dos Queen ao vivo… mas com o Freddie Mercury, se faz favor. “A razão do meu sucesso, querido? O meu carisma, é claro”, como a luz.

“Eu não serei um astro do rock, serei uma lenda!”, afirmou. Que não matem a lenda, então.

Crónica de Daniela Teixeira
Lá na minha terra