Lá na minha terra… – O que não mata engorda e se não engorda cura o cancro

Lá na minha terra uma coisa é certa, não há nada melhor que comer. E os resultados são bem visíveis. Come-se de tudo um pouco, muito disto e bastante daquilo, bebem-se as bejecas e as canecas de vinho, tudo impecável. Haja saudinha.

Se não mata, toca a comer para a frente. Mas será comer sinónimo de saúde? (pergunta estúpida, eu sei, tão estúpida como aquilo que lemos na Internet) Agora é hábito vermos nos meios de comunicação e mesmo na Internet em geral que não podemos comer nada, mas que tudo o que comemos ajuda a combater o cancro. Duas perguntas: que raios devemos comer e por alma de quem ainda existem pessoas com cancro? Peso e medida naquilo que comemos era a resposta mais acertada, mas é sabido que a verdade vai longe disso.

Não devemos comer fritos, mas devemos beber um copo de vinho por dia. Sabia que beber um copo de leite diariamente previne o cancro da mama? Será? E a Coca-cola que tem um ingrediente com propriedades cancerígenas? Pobres coitados daqueles que bebem diariamente, principalmente aqueles americanos estranhos que compram aos copos de litro para cada refeição. Tento na boca meus amigos. Todos os dias aparecem produtos que toda a vida foram consumidos mas que agora, por algum motivo desconhecido, fazem mal. Continuo sem saber o que comer. Mas sei que se comer estou a prevenir o cancro. Será?

Cada um sabe de si e sabe das medidas que quer ter, cada um escolhe o que come se bom ou mau. No que toca a comida, meio-termo é a melhor solução. Diz-me o que comes e eu dir-te-ei quem és. Se não mata engorda e apenas cabe a quem come decidir que quer engordar ou não. Simples e real. Agora dizerem que certos alimentos consumidos diariamente previrem o cancro soa-me a ridículo. Ora o chá verde faz mal porque ajuda a emagrecer e elimina algumas propriedades do nosso organismo, ora o chá verde é um aliado ao combate do cancro. Ora o azeite deve ser consumido com moderação, mas usar e abusar do azeite previne o cancro de tudo e mais alguma coisa. Estes “estudos” feitos por “especialistas” com “resultados comprovados”, mas não publicados, caem na estupidez da ilusão dos meios de comunicação e das pessoas. Todos os alimentos têm propriedades, umas boas outras nem tanto, mas temos que nos lembrar que não existem duas pessoas iguais e que aquilo que a mim me faz bem pode não o fazer a si. Mais, estes estudos caem na esperança de saúde das pessoas como uma garantia, e quando a doença do século bate à porta é o “Ai Jesus, não pode ser”. O pior é que todos os ditos estudos e ensaios (quase nunca identificados) que vêem a público não passam de meras suposições e possibilidades, de meros “podem combater” e “poderão ajudar em”.

A Internet sim, é um cancro de ignorância e de ilusão que não engorda mas mata, pelo menos o cognitivo.

Crónica de Daniela Teixeira
Lá na minha terra…