Lá na minha terra… – R.I.P. tudo e mais alguma coisa

Lá na minha terra quando alguém morre facilmente se sabe. Quando alguém que morre é nosso conhecido faz-se a devida homenagem. Quando não se conhece, em uma ou outra circunstância, dá-se as condolências a alguém que lhe era próximo. Lá na minha terra choram-se as mortes. Mas não é assim em todo o lado, falo das redes sociais, o tal “lado” mais falado e frequentado.

Ou as pessoas andam carentes ou não têm mais nada que fazer a não ser esperar desalmadamente por “likes” naquilo que postam, e falta-lhes imaginação nisso. Quando alguém famoso morre são milhares as pessoas que escrevem R.I.P. (rest in peace) e postam uma música, foto ou vídeo da pessoa em questão. Muitas delas nem sequer sabem a letra de uma música do Michael Jackson, mas no dia da sua morte postaram mil-e-uma coisas sobre ele como se fosse o cantor das suas vidas. O mesmo aconteceu com Steve Jobs e as milhares de imagens de maçãs, muita delas perdidas no escárnio da cor num momento cinzento como a morte. E conforme aconteceu com estas duas personalidades digo que aconteceu o mesmo com Heath Ledger, Patrick Swayze, Amy Whinehouse, António Feio, Angélico, Cesária Évora, Artur Agostinho e, mais recentemente, Whitney Huston, personalidades conhecidas de todos mas que nem a todos diziam ou dizem algo. Eu acho bem que estas pessoas sejam homenageadas e recordadas, mas as pessoas só se lembram que elas existem após partirem. Não acho bem que não sejam feitas homenagens que não sejam sentidas, que sejam apenas para receber mais um like naquilo que se diz. Depois acontecem coisas assim:

E entupir os murais como isso é de todo um erro, as pessoas lêem jornais, as pessoas têm Youtube, as pessoas vêem televisão e sabem do que aconteceu, ninguém está a dar a notícia em primeira mão, apenas está a cair no círculo vicioso de postar aquilo que os outros postam ou que pensam ser bonito. Salvo aquelas pessoas que realmente cantam e dançam ao som de Michael Jackson, aquelas que ainda veneram o Angélico e guardam os seus posters e autógrafos, ou as verdadeiras amantes do teatro e do cinema, o resto é letra para a melodia do ridículo social.

Crónica de Daniela Teixeira
Lá na minha Terra