Mães há muitas! – Sandra Castro

Eu tinha alguns temas em mente para escrever a crónica desta semana, mas ainda não tinha escrito nada no papel, por isso previa que iria escrever esta crónica à última da hora e provavelmente sobre alguma coisa que me iria acontecer também à última da hora.

Hoje de manhã, estava numa loja de roupa a comprar uma prenda (só um aparte que não tem nada a ver com o tema, enquanto eu escolhia uma camisola, o meu filho de dois anos passeava alegremente pela loja mas não estava a caminhar, claro que não caros leitores, ele estava a caminhar deitado no chão, a limpá-lo literalmente, porque originalidade é com ele ) e uma senhora com cerca de 45 anos, com uma camisola na mão, vermelha de algodão, bordada com umas letras, chegou à minha beira e perguntou-me: Desculpe menina, sabe me dizer o que quer dizer estas letras?

E eu amavelmente respondi: Estas letras são em inglês, mas não dizem nada de mal.


E a senhora argumentou: Sabe, é para o meu filho, ele tem dezoito anos e eles agora são esquisitos, não sei se ele vai gostar.

E eu disse-lhe: Essa camisola está na moda, de certeza que o seu filho vai gostar! E ela agradeceu.

Na caixa voltamo-nos a cruzar e desejei-lhe Boas Festas.

Quando sai de loja percebi imediatamente que era sobre este breve encontro que ia escrever a minha crónica. E porquê? Porque eu fico tremendamente emocionada quando me lembro da minha condição e da condição de muitas mulheres: sou mãe, somos mães! Mamãs, mãezinhas, mães, mãezonas, boas mães, más mães, rotulem-nos como bem entenderem.

Por vezes é dificil gerir o nosso dia-a-dia, uma rotina implacável para praticar e  para reger em prol do bem-estar e felicidade das nossas crianças. Mas quando recordo a atitude meiga daquela mãe, percebo que é um compromisso para toda a vida. Mesmo depois da nosssa morte, nós seremos sempre as mães dos nossos filhos.

Mesmo quando eles tem dezoito anos e já não passam cartão à cota, a cota continua a sua jornada de mãe.

E é em dias como estes, que me sinto completamente estafada da minha condição de mamã, que me recordo que eles ainda são pequenos e estão mesmo ao pé de mim, a exigirem a minha atenção e o meu colo, e isso é maravilhoso e digno de ser respeitado. Aproveitar todos os pequenos momentos é uma dádiva que eu não quero desperdiçar, porque como dizem as mães cheias de sabedoria : o tempo passa muito rápido, e quando te dás conta eles já tem dezoito anos.

Crónica de Sandra Castro
Ashram Portuense