Mais demissões e mais negócios do governo: mais do mesmo – Nuno Araújo

É inegável que este é o pior governo que Portugal conheceu desde o 25 de Abril de 1974. Tamanha incompetência, tamanha incapacidade de comunicação e de gestão de crises, grosseira forma de abordar a governação de um país. Um governo como este é anti-patriótico, um verdadeiro emissário da “ditadura dos mercados usurários” que pretendem impôr ao nosso país um segundo resgate.

Desta forma, e observando demissões que se seguem a mais demissões, o país não se livra desse peso enorme sobre os seus “ombros”, que é precisamente a cedência de soberania e dos melhores activos portugueses, em troca de financiamento internacional para pagar uma dívida cuja responsabilidade não deveria ser incutida às pessoas deste país, sejam elas assalariadas, desempregadas, estudantes ou reformadas. A austeridade, tal como já afirmou Barack Obama, deve de facto ser “aliviada”.

Todas as semanas, o governo “oferece” ao país um escândalo e consequentes “lavagens de roupa suja” ou exercícios de “política baixa”. Estas situações não beneficiam em nada a política e os políticos, já em descrédito tão acentuado junto de largos sectores da opinião pública portuguesa.

Rui Machete, ao que parece, comprou cada acção do BPN a um euro, e vendeu-as depois por mais do dobro do seu valor inicial. A Fundação Luso-Americana, vulgo FLAD, entidade presidida por Machete, comprou acções do BPN na mesma altura mas pelo dobro do preço. Cá está mais um titular de um cargo público, curiosamente também ligado ao PSD, a “usufruir” de condições no mínimo especiais para a aquisição de acções e obtenção de lucros espantosos graças a negócios efectuados com produtos financeiros do BPN.

Se as vantagens obtidas por alguns com negócios do BPN já não deixam ninguém espantado, talvez pela falta de vergonha de quem nos governa, também deve ser dito que não passa pela cabeça de ninguém o que se passou com mais um episódio da novela dos “SWAPS”. A demissão de Joaquim Pais Jorge estabeleceu mais um marco cronológico naquilo que é a continuação da guerra interna vivida no seio do governo, em que o PSD está dividido em dois, e o CDS está dependente das “flutuações de humor” de Paulo Portas.

O IGCP, do Ministério das Finanças, enviou um documento devidamente datado e referente a esses contratos SWAP, à meia-noite de um dia de Agosto, portanto altura de Verão e de férias. Falou-se igualmente que “saiu de São Bento” um documento não datado, mas que incluia um nome extra, o de Pais Jorge, no organigrama do Citibank, entidade que promovia a venda desse produto financeiro. Um governo que fala a duas vozes, às vezes três ou quatro até, nunca poderá representar o país da melhor forma, pois não se apresenta unido nem coeso; pudera, talvez isso seja de facto impossível, sobretudo após a “birra” de Paulo Portas, que “paralisou” Portugal durante três semanas, com a “estória da demissão irrevogável”.

Já é conhecida a ligação entre mundo de negócios e política, pois diversos ministros e deputados do parlamento português são gestores e administadores no sector empresarial; não estando eu naturalmente contra alguém que trabalhe em determinada área e seja titular de cargo público, espero apenas que seja acautelado o chamado “conflito de interesses”, matéria que não tem sido alvo de especial reflexão nos últimos anos por parte de alguns políticos portugueses. Serve isto para Pais Jorge e Machete. Serve isto para o bem do País, da República e da Democracia.

 

Crónica de Nuno Araújo
Da Ocidental Praia Lusitana