Manifesto em defesa de S. Valentim – Amor com amor se apaga

Exmo. Valentim,
deves estranhar a razão porque me dirijo a ti para expressar toda a minha solidariedade em relação ao dia 14 de Fevereiro e a tudo que este dia significa.
A verdade é que és a pessoa certa , na medida em que pretendo defender o dia dos namorados e se há alguém perito em se defender és tu, que ainda não deves ter percebido muito bem como não foste condenado no âmbito de todos os apitos dourados e câmaras reluzentes em que te envolveste.
Além disto, caríssimo Valentim, a grande critica que o São teu homónimo abarca todo o santo ano por esta altura é que é um dia que existe só para aumentar o consumismo e tu, que já compraste electrodomésticos como se não houvesse amanhã, certamente acharás as prendas do dia dos namorados uma brincadeira de crianças.
Assim Valentim, terás o prazer de ler este meu manifesto em defesa de São Valentim:

A existência e celebração desta efeméride é antes de mais um acto de justiça e coerência:
1:Se quase todas as doenças têm um dia para ser recordadas e onde a temática da sua existência é alertada para a comunidade em geral, como pode o amor que,para muitos, é a maior das doenças não ter um dia com que se identifique?
2:Se há acontecimentos, que implicam sacrifícios, que são celebrados com frequência, como por exemplo o dia europeu sem carros, eu que já tanto me sacrifiquei por amar uma pessoa porque não hei-de poder durante 24 horas celebrar esse mesmo amor?
Posso ser eu que sou esquisito mas prefiro passar 24 horas a fazer amor do que a andar a pé.
3:São muitos aqueles que dizem que “o dia dos namorados é um dia como outro qualquer, não vou oferecer nada mas vamos jantar fora”, estes são os mesmos que quando não namoram no dia de São Valentim se juntam em jantares de “encalhados”.
Amigos…Há aqui algum engano conceptual: É dia de São Valentim, não é dia de Salva de lentilhas.
O argumento dos contestatários a este Santo que era incontestado até ao momento que se percebeu que era um Santo que podia mexer na carteira das pessoas é precisamente o argumento económico.
Santa paciência.
Provavelmente quem não gosta deste dia são as mesmas pessoas que dizem que o amor não tem preço e na maioria das vezes são, surpresa das surpresas, homens.
Mas o amor tem um preço, só que não é um preço certo pois é um valor que corresponde à importância que cada um lhe quer dar e é por isso que neste dia o preço de um mero peluche ou de um postal pode ser muito superior ao preço de um belo casaco de peles na contabilidade final da relação.
Mas não se iluda pois nada dar não é melhor que dar a maior das porcarias.
Festejamos aniversários e damos prendas, festejamos casamentos e damos grandes prendas, festejamos datas com significado religioso e damos muitas prendas e até quando comparecemos em funerais levamos flores.
É por isso mais importante para nós o “nascimento”, o “casamento”, o “convento” e o “falecimento” que o amor?
Se não é não terá outra solução que não seja celebrá-lo e mesmo em tempos de crise manifestá-lo devidamente pois pior que o facto de o amor ter um preço é o facto de que amor com amor se (a)paga.

Crónica de João Pinto Costa
A minha Vida dava uma Crónica