Manuscrito de Voynich: o livro impossível de ler – Bruno Neves

Quem gosta verdadeiramente de ler tem certamente a ambição de ler todos os livros do mundo. Ou pelo menos todos os bons livros do mundo de um determinado género. Mas e se eu lhe disser que há pelo menos um livro que não vai conseguir ler? Parece impossível mas este é o tema desta semana!

Wilfrid Michael Voynich nasceu na Bielorrússia, em 1865. Depois de uma vida revolucionária, a lutar contra o Czar Alexandre II do império Russo, fugiu da Sibéria para se refugiar em Inglaterra. Mais tarde casou-se com Ethel Boole.

Em 1912, num colégio jesuíta na região de Villa Mondragone, em Itália, Voynich adquiriu um misterioso livro. Escrito em pergaminho, era relativamente pequeno, com 122 folhas escritas e ilustradas. O pequeno volume tinha uma história nobre. Fora enviado pelo reitor da Universidade de Praga em 1665 para um tradutor romano. O reitor dizia numa carta encontrada junto do livro que o mesmo havia sido adquirido por Rodolfo II do Império Romano, por um valor altíssimo.

No entanto, ao apresentá-lo em público em 1915, Voynich descobriu não haver especialista ou criptógrafo capaz de decifrar a língua ou o alfabeto utilizado no livro. Passaram-se anos e os caracteres enigmáticos intrigaram gerações de tradutores, linguistas e especialistas em códigos. O manuscrito continha diversos diagramas e desenhos relacionados com botânica, astronomia ou astrologia, biologia e farmacologia. Mas que obra é esta afinal? A obra tem cerca de 170 mil caracteres, com uma média de 20 a 30 letras diferentes, sendo que outras dez aparecem pouquíssimas vezes nos textos. Os espaços parecem indicar a existência de 35 mil palavras. Chama a atenção o facto de não existirem, em toda a extensão do texto, erros ou borrões.

Com o passar dos anos, a tradução ou ao menos a desmistificação do manuscrito Voynich tornou-se no Santo Graal de muitos estudiosos. Enquanto criptógrafos tentavam descodificar o significado dos milhares de caracteres, outros simplesmente torciam o nariz para o livro, que diziam ser uma farsa.

A tradução final parece sempre um beco sem saída. Uma das hipóteses mais consensuais diz que o livro teria sido escrito pelo astrólogo e matemático John Dee e pelo mágico e falsificador Edward Kelley. Dee servia a corte de Rodolfo II e teria criado o livro para vendê-lo ao monarca como uma obra misteriosa e mística. Essa hipótese é reforçada por uma excessiva repetição de caracteres e palavras que poderiam indicar uma tentativa de falsificação. Apesar de essas e outras provas, muitos cientistas são cépticos quanto a esta teoria e dizem que um documento de tamanha complexidade não poderia ter sido simplesmente inventado.

Talvez nunca venhamos a saber a sua origem, o seu autor ou o seu significado. O que sabemos é que o manuscrito Voynich continuará a intrigar as próximas gerações com as suas letras desconhecidas e os seus diagramas misteriosos.

É impossível não ficar com vontade de saber o que realmente contém aquele livro e quem é o seu verdadeiro autor. Este é um dos poucos mistérios que ainda restam nos dias de hoje. Graças às novas tecnologias podemos saber e descobrir tudo, chegar onde antes era impossível. Talvez seja necessário esperar pelo futuro para possuirmos uma resposta para este mistério. Ou talvez permaneça para sempre um mistério. O futuro o dirá.

Boa semana.
Boas leituras.

Crónica de Bruno Neves
Desnecessariamente Complicado
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