Mão na anca – Maria João Costa

Quem é nortenho não gagueja, e enche o peito de orgulho para falar do Norte. Fala de como se come bem, de como se abraça e de como é tão bom voltar.
Quem é nortenho vive tanto do norte, e para o norte, que se torna egoísta aos olhos dos outros, mas só quem troca os B´s pelos V`s percebe porque é que o norte os deixa assim.
O Miguel, o senhor Esteves Cardoso diz que são as mulheres, aquelas que põe a mão na anca e que coram a cada palavra sincera; diz que são elas que deviam de mandar neste país. E talvez o Miguel tenha razão. Ele é daqueles que troca o Tejo pelo Douro, não porque seja melhor, mas porque é diferente. Cativa e apaixona…como as mulheres com a pronúncia do norte.
Quem sai do norte nunca o deixa, é sempre um até já com saudade; e quem sai nunca o trai, nem tão pouco o esquece. Se é por orgulho? É por orgulho, e por orgulho genuíno.
O norte é mais do que a Ribeira e tem mais Aliados no sul do que pensam. O norte é o frio de Bragança, que aquece com a capa de estudante de Vila Real; é o peso de uma tradição ao pescoço de Viana, e a esperança num futuro dos jovens que não estão só em Braga. O norte não se deixa mergulhar pelos canais de Aveiro nem “saca” peões nas rotundas de Viseu, o norte deixa-se apenas levar por quem não o largar.
Um até já, com pronúncia do norte. Tu sabes que eu volto, como sempre.



Crónica de Maria João Costa
Oh não, já é segunda feira outra vez!