Existirá realmente a mentira?
Existirá, realmente, o acto de iludir e destruir o sonho ilusório perante um mero exercício recreativo de uma imaginação, por ventura, demasiado fértil?
Mas o que será a Mentira?
Não digo, irei, muito simplesmente, mentir sobre este assunto; a mentira não é a transformação do mundo real numa sensibilidade humana, a realidade não alternativa daquilo que existe (ou será aquilo que não existe de uma forma, indubitavelmente dúbia?).
Minto a realidade, na verdade, ela não existe, ela está, muito simplesmente, ausente da nossa, da minha e da sua vida.
A mentira não existe, sustenta a sociedade humana como um todo subdivisório, um sarcasmo de uma utopia consagrada, ironia do Homem sonhado, apagado no momento em que o sonho é dilacerado pela não realidade, apenas um pouco ilusória. È uma Máquina Vermelha, sedenta de sangue frio, paixão e destruição.
É um simples caos, definível apenas por Deus e por um qualquer Catedrático. Caos esse que define o que é a sociedade, a sociedade capitalizável, uma base de decepção, ilusão do que existe.
Tenho fome… estas meras divagações não são suficientes para me alimentar o desespero, a felicidade, a destruição do ser impossível de tranquilizar… e a mente, amando por excesso.
Não sei o que é a mentira, mas sei que é necessário usá-la, sei que é a demagogia a única substancia passível de conferir única subsistência possível.
É a sociedade um caos muito ordenado, ordenação essa, que sou incapaz, para todos os efeitos, de um entendimento humano. Sou um político, sobrevivo mentindo, prometendo ao caos a paz de uma mente livre de depravação e a ordenação de um reino sem vida. Prometo… uma paz, um nirvana pessoal, uma impossibilidade idiótica a cada um, quando a realidade é o sangue que mancha as minhas mãos…
Que deverei fazer? Fugir, correr, sonhar? Ficar, lutar, perecer?
Prefiro ficar aqui, ver esta bela lua, quando o dia morrer, e, tranquila e introspectivamente, escrever.
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