Mundo ao contrário – A tecnologia.

O 1.º dia de Dezembro marca o dia em que toda a gente tem que se convencer que o natal vai mesmo chegar. Por muito que se pense na crise, nas greves, na falta de trabalho, ou nas más condições de trabalho, toda a gente tem que entrar no espirito natalício.

A primeira fase começa hoje, é preciso enfeitar a casa, é preciso comprar uma lembrança para toda a gente. Por isso, esta é também a pior fase do espirito natalício. Não chega o facto de gastar dinheiro, pensar no orçamento familiar, há ainda discussões pelas compras a ser feitas, e pela iluminação da casa.

A tecnologia e os gadgets são as compras preferidas dos Portugueses, nós aderimos muito ao facilitismo, ao grafismo, à beleza, e principalmente ao elitismo, mesmo que grande parte de nós não use 10% das possibilidades dos produtos.
Esta é também a era “I” que em Português significa “Eu”, mas pronuncia-se “Ai”. E eles andam aí espalhados Ai-Phone, Ai- Pod, Ai-Pad, Ai-Os nossos bolsos. Sendo Portugal um país aderente às modas, mas muito teso, facilmente aderimos aos genéricos chineses, basta ver as quantidades vendidas na net. Aqui se nota a falta de engenho Português.
Se nós os gastamos, porque não os produzimos? Porque não criar o Eu-Telefone, Eu-Tabuleiro, esta podia ser a nossa margem de saída da crise.

Genéricos Portugueses, se foram inventados, nós podemos produzi-los.

E graças ao novo acordo ortográfico, podíamos expandir os nossos negócios além fronteiras.

Todos os produtos “Eu” são compatíveis com as linguagens: PT-Brasil PT- Angola PT-Timor etc.

O mal de ser Português é que temos tendência a copiar, mas a fazê-lo, como dizer – Amaricado. Ou seja parecido com os Americanos, mas mais gay. E aqui não quero correr o risco de Portugal inventar um Eu-telefone, rosa choque.
O nosso exemplo de cópia Amaricada chama-se “Magalhães”, que é um portátil como os outros, (mas feito com plástico dos chineses) num estilo e cores que fazem as crianças mais precoces recusar.
Por isso quando o pai trouxe muito contente para casa o Magalhães teve que tentar seduzir os filhos:

– Vês filho, que bonito, o portátil que o governo Português te ofereceu.
Mas grande parte recebeu a verdadeira resposta: – Tu não percebes nada de computadores, andas há 10 anos com a mesma gaja, e queres que seja eu a andar com isso? Tudo bem que os putos na Venezuela usam, mas eles vivem em ditadura.

Crónica de Bessa Soares
Mundo ao Contrário